Um fenômeno astronômico está marcado para iluminar o céu da Terra na
próxima semana. A partir desta segunda-feira (20) uma chuva de meteoros
do Cometa Halley passará próximo do nosso planeta e poderão ser vistos a
olho nu nos locais com poucas nuvens e poluição.
De acordo com Daniela Lazzaro, pesquisadora e professora do
Observatório Nacional do Rio de Janeiro, a chuva de meteoros é um evento
que acontece duas vezes por ano, mesmo que o Cometa Halley só passe
próximo da Terra a cada 75 anos.
— O que acontece todo ano, entre os dias 20 e 22 de outubro, é que a
Terra atravessa a região onde passou o cometa em suas órbitas
anteriores. Isso produz a chuva de meteoros Orionídeos, associada ao
Cometa Halley.
A passagem do Cometa Halley em 1986 fez com que corpo celeste se
desfragmentasse por conta do alto calor e deixasse para trás centenas de
pequenos meteoros, que orbitam em áreas próximas a Terra.
Passeio de astronautas do lado de fora da nave é destaque na semana de astronomia
O astrônomo Marcos Calil explica como esse fenômeno poderá ser visto pelas pessoas.
— Todo cometa quando está numa distância semelhante ao Sol começa a
receber calor, e isso causa perda de matéria. Essa matéria fica suspensa
no espaço. O atrito da atmosfera com esses materiais causam os rastros
luminosos que vemos no céu, que são os chamados meteoros. Temos então as
chuvas de meteoros, que dito no popular são as estrelas cadentes.
Segundo as previsões feitas pelos observatórios do País, o melhor
horário para visualizar a chuva de meteoros será na madrugada do dia 21
de outubro, entre as 2h e 4h, mas será possível ver resquícios da chuva
até o dia 22.
Efeitos na Terra
Apesar de serem vistas a olho nu, sem a necessidade do uso de aparelhos
astronômicos, a chuva de meteoros não causará nenhum efeito prejudicial
para a Terra. Os corpos celestes passarão pelo céu a uma altura em
torno de 80 a 100 km em relação à superfície da Terra.
Na última quarta-feira (15) por volta das 22h em Recife, um clarão no
céu repentino assustou os moradores. De acordo com Calil, a luz se
tratava de um bólido, um meteoro que conseguiu entrar na atmosfera
terrestre e entrou em combustão.
Especula-se que ele seja oriundo dos meteoros Orionídeos, os que
passarão próximo da Terra na próxima semana, mas mesmo os bólidos
raramente causam algum tipo de dano na superfície.
Cometa Halley
O Cometa Halley é um cometa que passa nas regiões do Sistema Solar
próximas da Terra a cada 75 anos. Ele foi o primeiro corpo celeste a ser
reconhecido como periódico e foi descoberto pelo astrônomo e matemático
Edmond Halley em 1696.
Halley percebeu que as descrições de um cometa visto em 1682 eram
idênticas aos registros feitos de cometas que também haviam passado pela
Terra em 1531 e 1607. Ele percebeu que todos eram na verdade o mesmo
corpo e previu que ele poderia ser visto novamente em 1758, previsão que
se comprovou correta.
A última aparição do Halley foi em 1986, e a previsão é de que ele esteja de volta ao céu terrestre em 28 de julho 2061.
De acordo com Marcos Voelzke, professor titular da Unicsul
(Universidade Cruzeiro do Sul), o cometa Halley é o mais estudado entre
todos os cometas conhecidos.
— Como o Halley tem um período de 76 anos, ele é considerado o cometa
de uma vida, dado que poucos seres humanos o veem duas vezes.
Voelzke explica que se acredita que os cometas sejam conterrâneos da
Terra Primitiva, tendo, portanto, cerca de 3,4 bilhões de anos. Bilhões
deles se situam no Cinturão de Kuiper, localizado a cerca de 40 a 100
U.A. (Unidades astronômicas do Sol que equivalem, cada uma a 150 milhões
de quilômetros). Segundo o professor da Unicsul acredita-se que lá
também seja a origem do cometa Halley.