O brasileiro não reconhece a escola como
 elemento importante na formação da cidadania. O sistema de educação 
básica aparece em penúltimo lugar – atrás apenas do Judiciário – em 
avaliação da contribuição das instituições para formação e disseminação 
dos valores cívicos feita em pesquisa da CPM Research com 1.110 
entrevistados. A família aparece em primeiro lugar, seguida da 
universidade, da mídia, da polícia e do Ministério Público. O estudo 
será apresentado nesta quarta-feira no Encontro Internacional do Ciclo 
Educação para o Futuro, na PUC-SP. Segundo o estudo, feito com 
habitantes das cinco regiões do país no início deste mês, os brasileiros
 não admitem ter deficiências na formação sobre o assunto. A maioria se 
considera cidadão ativo por ter consciência de seus direitos e deveres.
- As manifestações de junho de 2013 
mostraram a nossa incapacidade no que diz respeito à cidadania ativa. 
Cada um saiu de casa com o seu cartaz, dizendo o que era importante para
 si, mas sem estar organizado. Isso vem de uma falta de formação no 
ensino básico, que não nos ensina sobre nossos direitos e deveres como 
cidadãos – avalia Oriana Monarca White, diretora da CPM Research e 
membro do Núcleo de Estudos de Futuro (NEF) da PUC-SP.
Entre as ações consideradas mais 
importantes para ser um cidadão ativo, “ensinar as crianças a serem 
cidadãos ativos desde os primeiros anos da escola” aparece em quinto 
lugar e “acompanhar o trabalho dos representantes públicos” em nono, 
atrás, por exemplo, de “ter um CPF”, em sétimo lugar.
Oriana desenvolve pesquisa de 
pós-doutorado sobre o tema. Ela compara a situação do Brasil com a de 
outros países como Itália e Espanha, onde o ensino de cidadania ativa é 
orientado por programas conduzidos pelos ministérios da educação. 
Durante um mês, a professora aplicou métodos usados por esses países em 
duas escolas públicas de São Paulo. O projeto envolveu exibição de 
filme, leitura de contos e fotografia.
- A ideia foi fortalecer alguns preceitos e ensiná-las a se articular na hora de reclamar – conta Oriana.
Duas educadoras italianas, Milva 
Valentini e Patrizia Bracarda, vão participar do encontro na PUC-SP. 
Depois de apresentar o projeto de pós-doutorado, em outubro, Oriana 
pretende enviar propostas sobre o tema para o Ministério da Educação:
- A discussão desse tema nas escolas, 
desde muito cedo, precisa ser imposta pelo ministério. É incrível que a 
sociedade civil – através de ONGs, por exemplo – se organize para 
trabalhar com isso. Mas precisamos de leis tratando do assunto.
O Globo
 
 
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