Páginas

sábado, 17 de janeiro de 2015

Morre menina de 12 anos que teve transplante de medula adiado em Natal

Anderson Barbosa Do G1 RN
Fernanda Xavier da Silva, de 12 anos, não resistiu à leucemia (Foto: Divulgação/Hatmo)Fernanda Xavier da Silva, de 12 anos, não resistiu
à leucemia (Foto: Divulgação/Hatmo)
Fernanda Xavier da Silva, de 12 anos, tornou-se mais uma criança potiguar que, embora tenha conseguido encontrar um doador de medula óssea compatível, não resistiu à leucemia. O transplante de medula óssea deveria ter sido realizado entre agosto e outubro do ano passado, quando ela estava pronta. Porém, a doadora pediu adiamento para resolver problemas pessoais. Em dezembro, quando decidiu fazer a doação, o estado de saúde da menina já havia piorado e o transplante não foi possível. Fernanda morreu no final da noite desta sexta-feira (12) no Hospital Infantil Varela Santiago, em Natal.
“Embora não fosse mãe dela, eu perdi uma filha”, lamentou Rosali Cortez, de 55 anos, presidente  da Hatmo (Humanização e Apoio ao Transplantado de Medula Óssea do Rio Grande do Norte) – associação sem fins lucrativos constituída por pacientes, familiares e profissionais voluntários.
saiba mais
Os pais da menina moram em Lagoa de Pedras, cidade distante pouco mais de 50 quilômetros da capital. Sem recursos para custear um tratamento e nem condições de ir todos os dias a Natal, a família deixou  Fernanda aos cuidados da associação. E assim foi por um ano e oito meses. “Adotamos a menina. A Hatmo inteira a acolheu com muito amor”, acrescentou Rosali.
Ainda de acordo com Rosali, a quimioterapia surtiu o efeito esperado e as células cancerígenas de Fernanda desapareceram. Em julho, recebemos a notícia de que havia uma doadora compatível inscrita no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). No entanto, os efeitos duraram cerca de três meses. De agosto e outubro Fernandinha estava pronta para o transplante, quando a doadora pediu para adiar o procedimento. Ela alegou que tinha problemas pessoais para resolver. Então, o organismo da menina voltou a produzir células doentes e a leucemia voltou ainda mais forte. Ela não resistiu. O relógio não para e a doença nunca espera”, contou.
Rosali Cortez cuidou de Fernanda por um ano e oito meses (Foto: Divulgação/Hatmo)Rosali Cortez cuidou de Fernanda por um ano e
oito meses (Foto: Divulgação/Hatmo)
Apesar da morte da criança, Rosali disse não estar chateada nem com raiva da doadora que pediu para adiar o transplante de medula. “A burocracia no nosso país é muito grande. Se assim que a doadora apareceu o transplante tivesse sido feito, Fernanda certamente estaria viva. Em outubro, já com três meses de espera, ligamos para saber se já estava tudo certo e nada havia sido resolvido ainda. Nem o SUS havia liberado o transplante ainda. Daí os problemas surgiram e a doadora não pode fazer o transplante. Quando deu certo, a Fernandinha já estava muito doente, sem resistência para se submeter ao procedimento. Tudo o que eu pedimos é mais rapidez, mais agilidade. Conseguir um doador não é fácil. E quando aparece um, a burocracia retarda tudo”, criticou.
Fernanda será velada ao longo de toda a manhã deste sábado (18) no Centro de Velório São José, no bairro do Alecrim, na Zona Leste da cidade. À Tarde, o corpo segue para a cidade de Lagoa de Pedra, onde será sepultado.
A Hatmo atende atualmente 126 crianças e 56 adultos. Vinte e cinco pessoas aguardam doação de medula óssea. Destes, 14 já encontraram doadores na própria família, mas ainda não fizeram o transplante. As demais, ainda esperam por um doador compatível.

Nenhum comentário:

Postar um comentário