Uma denúncia anônima, com riqueza de detalhes, levou o delegado adjunto da Delegacia Especializada em Investigação Contra o Crime Organizado (Deicor), Normando Feitosa, a desarticular uma quadrilha especializada em assaltos a caixas eletrônicos. A operação que culminou na prisão de dois assaltantes e na morte de outro, começou na madrugada de ontem em Natal e terminou na cidade de Santa Cruz, distante 100 quilômetros da capital.
A partir da denúncia, que apontou aos policiais os veículos utilizados pelo bando (um Astra branco de placas MMQ 3415 Santa Rita/PB e um Ford K preto de placas MYN 8852 Ceará-Mirim/RN), o delegado reuniu vinte policiais da Deicor, divididos em cinco viaturas e seguiu o Astra até a cidade de Coronel Ezequiel, que fica 30 quilômetros depois de Santa Cruz.
De acordo com o delegado, o objetivo do bando era assaltar um comércio varejista em Coronel Ezequiel. "Os bandidos chegaram ao local e viram que estava tudo fechado e, por algum motivo, desistiram", explicou. O grupo voltou para a cidade de Santa Cruz onde Alisson Bruno Pereira de Lima, de 19 anos, informante da quadrilha, passava informações de dentro do Ford K, na altura do Posto Paraíso. Ao desconfiarem da presença da polícia, os bandidos que ocupavam o Astra abandonaram o veículo no posto e saíram correndo pelas ruas do bairro Paraíso.
Pelo caminho, pegaram um homem que se dirigia à feira como refém, além de uma jovem que tinha sido deixada na porta de casa pelo namorado. Em seguida, avistaram a dona de casa Jaisa Batista dos Santos, de 22 anos, abrindo a porta para o marido sair. Na ausência do marido e já com dois reféns, os marginais forçaram a abertura da porta da casa. "Eles bateram e diziam que eu abrisse, senão eles iam meter bala em todo mundo", relatou a dona de casa ainda emocionada. Ela abriu a porta e o bando entrou com os outros dois reféns. O marido percebeu que algo estranho estava acontecendo e voltou para casa e também foi pego como refém. Além dos dois casais, o filho de dois anos de Jaisa ficou sob o poder dos assaltantes.
Os policiais coordenados pelo delegado Normando Feitosa bateram na porta da casa de Jaisa, e quando ela atendeu, eles perceberam o nervosismo da mulher e pediram para que os marginais liberassem os reféns. Os policiais entraram na casa, conseguiram soltar os outros três adultos e a criança.
De acordo com os policiais, o assaltante Elixeli Martins de Melo, de 27 anos, pediu para não ser morto e se entregou. Já Raphael Lima do Nascimento, conhecido como Raphael Pepo, morreu em confronto com a polícia dentro da residência. Outros dois bandidos conseguiram fugir. O dono do Ford K que atuava como informante do grupo, Alisson Bruno Pereira de Lima, foi preso ainda no posto de combustível.
Pistolas são apreendidas
Com os bandidos, a Polícia Civil apreendeu duas pistolas - uma calibre ponto 40 com 12 munições intactas e outra pistola 380 com doze munições intactas e uma deflagrada - além de um macaco hidráulico, serras, seis aparelhos celulares, chaves de fenda, pés de cabra, um alicate de corte, capuzes, uma mochila e um capacete.
De acordo com o delegado Normando Feitosa, os assaltantes Elixeli Martins e Raphael Lima têm passagem pela Polícia por assaltos. "O Raphael era tido como um dos maiores assaltantes de caixas eletrônicos do estado. A especialidade dele era abrir os caixas com maçarico e ele tinha uma precisão enorme no manuseio do artefato. Não ficava um real no caixa depois da ação dele", destacou o delegado.
Os dois detidos prestaram depoimento na Delegacia de Polícia Civil de Santa Cruz e foram encaminhados para Natal para serem transferidos para o Presídio Estadual de Parnamirim ou para o Presídio Estadual de Alcaçuz. O corpo de Raphael Lima do Nascimento foi recolhido pelo Itep e encaminhado para Natal, onde seria reconhecido pela família.
O material apreendido ficará de posse da Polícia Civil até a conclusão do inquérito. Além disso, os policiais militares e civis de Santa Cruz e região continuam em diligência à procura dos outros dois assaltantes. Segundo depoimento de Elixeli Martins, ambos são foragidos de Alcaçuz.
Nenhum policial ou popular, incluindo os reféns, foram feridos durante a ação.
Fonte:Tribuna do Norte
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