quinta-feira, 11 de abril de 2013

Currais Novos a Terra da Xelita !!

Foi durante a Segunda Guerra Mundial, um período de escoamento das reservas dos EUA. O americano sempre manteve uma reserva de tungstênio, mas com a guerra ele viu essas reservas diminuírem, ao mesmo tempo em que ficaram sem suas fontes nas minas da Europa e da Ásia. Então eles se voltaram para o Nordeste. Os americanos estavam aqui desde 1940 para estimular a criação de minas e a descoberta de minérios estratégicos na época como a tantalita, berilo, columbita e scheelita. Estabeleceram uma agência de compra de minério em Parelhas, passaram a dar picaretas, pás e carroças, além de orientação técnica sobre mineração
O que estimulou os americanos a procurarem o Seridó?
O geólogo Júlio Neves noticia mais de 600 ocorrências de scheelita, no Seridó do RN e na Paraíba nessa época. Mas a maior concentração estava em Currais Novos, nas minas Brejuí, Barra Verde e Boca de Laje, que hoje ainda produzem, além da mina Bodó, na Serra de Santa, que hoje é da Metasa e está ativa. Essas minas foram exploradas por grupos nacionais e internacionais, mas a mineração de Tomaz Salustino teve esse fator nacionalista, ele nunca procurou vender a empresa, sempre resistiu às investidas. Um empresário chinês Wah Chang, dono nas minas da Califórnia, levou meu avô para os Estados Unidos e veio aqui três vezes para comprar a mineração, mas as propostas foram recusadas. Então Wah Chang firmou uma parceria com o grupo da mina Barra Verde e a explorou durante 10 anos.

Que fator fez com que a mina Brejuí se destacasse tanto naquela época?
O diferencial da MTS era o processamento e beneficiamento do tungstênio. Desde a descoberta da mina Brejuí em 1943 por meu avô, Tomaz Salustino, ele teve a orientação técnica de um engenheiro de minas com formação em metalurgia nos EUA. Esse engenheiro fez toda a projeção para o futuro da empresa como uma mineração mecanizada. Foi aos EUA e comprou todo o equipamento, máquinas, caminhões pesados, tratores. Esse investimento tornou a empresa muito rica. Em 1945, tínhamos cerca de 2 mil homens trabalhando no sistema de garimpo, extraindo aquelas banquetas, a produção era somada e vendida praticamente toda para os EUA.
A mineração parou suas atividades em 1997. O que aconteceu?
A MTS foi uma das últimas a fechar com a crise econômica do dumping chinês. Primeiro o chinês vendeu muito minério ao mundo, a oferta era muito grande e o preço caiu bastante. Daí as minas daqui foram fechando porque se tornaram antieconômicas diante dos preços baixos. Depois a China, com seu crescimento econômico acelerado, sentiu que precisava das reservas e que as minas de scheelita e tungstênio estavam se exaurindo. Então passaram a controlar as exportações, deixaram de vender a scheelita primária que nós extraímos e passaram a vender apenas a manufaturada, o ferro tungstênio e outras ligas intermediárias. A scheelita passou a se tornar difícil com o fechamento do mercado chinês e desde 2003 novamente as minas de scheelita do Seridó passaram a ser focadas como um potencial que poderia ser exaurido ou trabalhado.

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