sábado, 19 de abril de 2014

Número crescente de homicídios preocupa Itep devido à sobrecarga dos médicos legistas

Gemios-sao-mortos-em-Cajaseiras-em-Macaiba-JA-(43)
Diego Hervani
diegohervani@gmail.com
Com menos de quatro meses completados, o ano de 2014 no Rio Grande do Norte já registrou quase 500 homicídios. Até o início da semana, segundo dados do Conselho Estadual de Direitos Humanos do RN (CEDH-RN), 468 mortes violentas tinham sido contabilizadas. Além de sensação de insegurança que os dados causam na população, os números também trazem uma preocupação para o Instituto Técnico-Científico da Polícia do Rio Grande do Norte (Itep), que tem como as principais funções o recolhimento dos corpos e a análise da causa da morte de cada vítima.
O Jornal de Hoje conversou com o capitão Valério, que é o coordenador da Medicina Legal do Itep do RN. De acordo com ele, o atual quadro de médicos legistas (que são responsáveis pela necropsia para determinar o que causou a morte de uma pessoa) do órgão está conseguindo atender a demanda, mas que a situação está ficando cada dia pior. “Hoje estamos dando conta da situação, mas a situação está ficando precária. O número de mortos é muito grande. Além dos homicídios, temos que cuidar também das outras mortes. Temos médicos do nosso quadro de funcionários que estão para se aposentar e outros que já se aposentaram. Então realmente existe essa preocupação de acabarmos não conseguindo atender a demanda”, destacou.
O capitão ainda lembrou que soluções já estão sendo buscadas para impedir maiores problemas. “Em breve deve acontecer um concurso para médico legista. Também estamos esperando 15 médicos legistas que o Governo autorizou. São médicos que estão no quadro do Governo e que viriam para nos ajudar. Já tivemos médicos da Força Nacional. Estão fazendo de tudo para prevenir qualquer tipo de problema”.
Valério passou a ocupar o cargo no início do ano. Responsável por coordenar todo o setor de medicina legal, ele conta que encontrou um quadro de quase falência no Itep. Até mesmo o saco para colocar os cadáveres chegava a faltar por falta de verba. “Era complicado. Faltavam equipamentos básicos. Essa situação dos sacos realmente chegou a acontecer. Soluções para exames também faltavam. Faltavam até mesmo espaço para colocar os corpos”, recordou.
Além da baixa quantidade de equipamentos, o número de corpos e ossadas que se acumulavam dentro do Instituto também atrapalhava o trabalho. Parte desse problema foi solucionado com um mutirão feito no início do ano. No final de março cerca de 62 corpos e ossadas sem identificação que se acumulavam desde 2008 foram enterrados. Os peritos coletaram materiais genéticos para que sejam catalogados e, caso requerido judicialmente, possam ser identificados futuramente por meio de exames de DNA.

Nenhum comentário: