quarta-feira, 3 de julho de 2013

Investidores não temem medida

Divulgadores da Telexfree no Rio Grande do Norte receberam com tranquilidade a notícia de que a empresa será alvo de investigações também pelo Ministério Público do Estado.  Para o divulgador Nestor Case, o fato de a investigação não se restringir à Telexfree será a oportunidade de “separar o joio do trigo”.

“As investigações vão mostrar quem realmente é marketing multinível e tem produto. Esperamos transparência e imparcialidade nas investigações do Ministério Público do RN”, asseverou.
Adriano AbreuNestor Case, divulgador, diz que não há pirâmide no negócioNestor Case, divulgador, diz que não há pirâmide no negócio

Questionado se a atividade se sustentaria apenas com a venda dos produtos, mas sem a entrada de novos investidores para compor a rede, Case garante que sim. “Trabalhamos não apenas com a venda do Voip 99, em dois planos, como também com novos produtos”, afirma.

Há cerca de um mês, segundo ele, outros três produtos foram agregados ao portfólio da Telexfree: o VoxBras (pacote de telefonia fixa, internet e TV), o TelexCommerce (espaço de venda de anúncios publicitários) e uma linha de energéticos.

No ramo há cerca de um ano e meio, já no segundo contrato, Nestor conta que além da venda dos produtos, a pirâmide financeira não se configura devido a vigência do contrato ser anual.  “A pirâmide não tem fim. Já o contrato com um ano encerra. Se renovar, começa do zero”, afirma o divulgador.

A entrada do MPRN na onda de investigações contra a empresa - que já acontece em sete estados - vem de forma “atrasada”, enfatiza o delegado e professor de Direito Heráclito Noé, e deverá somente “reafirmar a licitude das ações”, diz ele. Noé explica ainda que a remuneração só vai até o sexto nível e não é vitalícia, o que também descaracteriza esquema piramidal.

Ele alega perseguição contra a Telexfree e que teria como pano de fundo a pressão exercida por  bancos e instituições financeiras, representadas pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que estariam amargando prejuízos com a retirada de investimentos.
Rodrigo SenaDelegado e ex-vereador Heráclito Noé é divulgador da TelexfreeDelegado e ex-vereador Heráclito Noé é divulgador da Telexfree

“São cerca de 1 milhão de pessoas em todo o país que estão deixando os bancos, retirando recursos de poupanças para investir em uma nova modalidade de negócio pela internet”, disse.  A TRIBUNA DO NORTE tentou, sem sucesso, contato com o Banco Central, Febraban, ABBC para apurar possíveis impactos nas transações financeiras com o advento de empresas de markenting multinível.

No último mês de atividade, de acordo com o delegado e professor de direito - um dos principais investidores no RN, a empresa repassou corretamente os tributos. “No âmbito nacional, foram R$ 72 milhões em imposto de renda retido pela empresa e em dividendos distribuídos entre os divulgadores cerca de R$ 800 milhões, só em maio”, afirma sem especificar os dados por estado.

Com cerca de 100 mil divulgadores no Estado,  Heráclito Noé disse não haver como mensurar qual o montante do prejuízo amargado pelos operadores da rede no RN com o bloqueio judicial dos pagamentos e novas adesões. “Só quem tem esse valor é a própria empresa”, afirma. Por baixo, levando em consideração a base de pessoas, o valor do pacote básico de US$ 49,90 e a conversão em moeda nacional, o cálculo aponta para, no mínimo, R$ 20 milhões represados.

Contudo, lembra Nestor Case, os divulgadores estariam unidos em prol da empresa.  “Estão tranquilos, pois sabem que não é culpa da empresa, até porque todos receberam. Se não está é porque há uma decisão do Ministério Público do Acre [sic], que proibiu, numa decisão judicial pessoal, injusta e unilateral de bloqueio antes do julgamento”, diz Nestor Case.

Dos cerca de 100 mil divulgadores no Estado, a estimativa é que 5% a 10% estejam somente como divulgador, como “profissional autônomo”, sem outra atividade de trabalho. Mas em geral, a atividade é considerada “um complemento do trabalho e renda”, assegura Case.

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