domingo, 11 de agosto de 2013

GLOBO REPÓRTER: Jovens trabalham com fogo para torrar castanhas em João Câmara/RN

No Brasil, milhões de crianças e adolescentes ainda trabalham. Muitas vezes, se arriscam em trabalhos pesados.
A maioria, pela necessidade de ajudar os pais.


É madrugada. Na área rural de João Câmara, no Rio Grande do Norte, pequenos pontos de luz brilham na escuridão. Mais de perto dá para ver: são chamas acesas pelas famílias que não podem dormir.
Elas precisam trabalhar na melhor hora do sono. E são dezenas de pessoas: homens, mulheres com filhos, parentes e vizinhos. São operários de um ofício exaustivo, artesanal, tocado de forma rudimentar, quase primitiva.

A comunidade toda sobrevive do beneficiamento da castanha do caju. Em cada palhoça, é possível encontrar famílias inteiras trabalhando. Todo esforço é necessário porque eles ganham por produção. E, mesmo assim, trabalhando na madrugada escura, juntando toda a família, o rendimento é pequeno. É quase nada.

Dona Francisca do Nascimento quebra castanhas de caju desde os 12 anos de idade. Ela, o marido, o filho e um sobrinho formam uma unidade de produção.

Globo Repórter: Vocês ganham quanto por semana?

Francisca Barbosa do Nascimento, descascadora de castanhas: O máximo que a gente ganha é 100 contos, 90 reais, 110 conto, 120 é o máximo. É um sacrifício que não é pouco. É muito.
A parte mais perigosa é lidar com o fogo. Há dois anos, Carlos, que tem 18, encara a fumaça, as labaredas e o calor para torrar as castanhas que serão descascadas. É preciso muita atenção porque as castanhas soltam um óleo inflamável e as chamas aumentam de repente.

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