quinta-feira, 17 de julho de 2014

Mesmo sem reajuste definido, manifestação contra aumento de passagem está mantida

Foto: José Aldenir
Foto: José Aldenir
Marcelo Lima
Repórter
Uma nova manifestação contra o reajuste no preço da passagem de ônibus em Natal está marcada para esta quinta-feira (17), às 17h, com concentração ao lado da parada do Circular, nas imediações do Shopping Via Direta. O ato público foi marcado exatamente para um dia depois da reunião do Conselho Municipal de Transportes de Mobilidade Urbana de Natal, que definiria um novo valor da tarifa.
Entretanto, mais uma vez a votação do reajuste foi prorrogada para a próxima quarta-feira (23). Mas isso não desmobilizou quem já estava preparado para luta contra o reajuste. Essa é a postura da estudante de história e ativista de movimentos pró-transporte público Géssica Régis.
Para ela, o Conselho de Mobilidade não possui a representatividade necessária de setores da sociedade. “Inclusive a pessoa que ocupa o assento da categoria dá voto contrário para os estudantes”. Além disso, as repetidas reuniões a portas fechadas provam que esse instrumento tem se desvirtuado dos princípios democráticos. “Esse conselho não representa os estudantes e trabalhadores da cidade. Não é um conselho democrático”, opinou.
Conforme a ativista, os cidadãos poderiam ser consultados de forma direta para fazer valer a vontade popular. “Esse Conselho é apenas um teatro para justificar o aumento da passagem. Se realmente quisessem consultar a população fariam de outra forma. Por exemplo, um plebiscito”, argumentou.
Um projeto semelhante foi aprovado em primeira votação pela Câmara Municipal. No entanto, não diz respeito exatamente ao valor das passagens, mas sobre a organização do sistema na forma de concessão do serviço a empresas privadas ou a estatização das linhas de ônibus.
A proposta de reajuste da Prefeitura de Natal elevaria a tarifa para R$ 2,30. Os empresários defendem que a tarifa que cobria os custos deveria ser de R$ 2,78. Mas as empresas aceitariam um meio termo que cobriria a defasagem da tarifa apenas com as perdas inflacionárias chagaria a R$ 2,56.
No entanto, nenhum reajuste é bem-vindo para os manifestantes. “Qualquer reajuste é absurdo porque hoje a gente não tem planilhas que mostrem o lucro dos empresários”, ressaltou a ativista. Para ela, a disputa entre a Prefeitura de Natal e o Sindicato dos Empresários do Transporte não passa de um jogo. “A Prefeitura está sendo conivente com os empresários. Se ela quisesse mudar alguma coisa tirava o transporte público da mão dos empresários. Isso é tudo um jogo”, classificou.
O 1º Coordenador Geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFRN, Gabriel Medeiros, também confirma a participação da entidade na manifestação de hoje. “A nossa posição é bem clara: qualquer aumento é um roubo. Para a gente, cobrar em cima dessa estrutura que já deficitária, já é um desrespeito à população”, destacou. Segundo Medeiros, o Conselho de Mobilidade Urbana também não apresenta muitas características democráticas. “Não há um processo aberto de escolha. E o espaço é ocupada por uma pessoa que não está nas ruas e nem tem identificação com a causa. Não é um representante político dos estudantes”, comentou.
Também para o coordenador do DCE, a luta pró-transporte público vai muito além de manifestações de rua contra o aumento da passagem – embora seja um aspecto essencial. Juntamente com outras entidades afins a temática do transporte público, o DCE ajudou na formação do Fórum de Mobilidade Urbana de Natal. Ainda segundo Medeiros, o Fórum surgiu para aprofundar o debate sobre o transporte com a sociedade, descentralizando as discussões sobre o tema e levando para escolas e bairros periféricos.

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