quinta-feira, 17 de julho de 2014

Número de motoristas autuados por embriaguez cresce mais de 500% em Natal

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Diego Hervani
diegohervani@gmail.com
Desde o início do ano, o Comando do Policiamento Estadual Rodoviário (CPRE) e o Departamento de Trânsito do Rio Grande do Norte (Detran-RN), ‘apertam’ a fiscalização contra motoristas que dirigem sob influência de álcool em Natal. As ações da conhecida “Blitz da Lei Seca” têm acontecido diariamente em diversos pontos da capital, mas, ainda assim, muitos condutores parecem não se importar tanto com essa realidade. Muitos continuam dirigindo após ingerir bebidas alcoólicas, como confirma a estatística divulgada pelo Detran-RN.
Segundo o levantamento, de 1º de janeiro até quarta-feira passada (16), foram registrados 1.787 autos de infração na capital potiguar, apenas em virtude de transgressão ao artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que trata de dirigir sob a influência de álcool ou substância de efeitos análogos. No mesmo período de 2013, esse número foi de 329, o que significa 543% de aumento. O resultado disso é que a infração ‘dirigir sob a influência de álcool’, que em 2013 era a 6º, neste ano é a 1º com maior registro dentre todas as demais na capital potiguar. Ao todo, as equipes de fiscalização do Detran e do CPRE registraram 5.656 autos de infração em 2014.
As regras da Lei Seca consideram ato criminal quando o motorista é flagrado dirigindo com índice de álcool no sangue superior ao permitido pelo Código Brasileiro de Trânsito – 0,34 miligrama de álcool por litro de ar expelido ou 6 decigramas por litro de sangue. Neste caso, a pena é de detenção de seis meses a três anos, multa e suspensão temporária da carteira de motorista ou proibição permanente de se obter a habilitação. Condutores autuados por este tipo de infração pagam R$ 1.915,40 de multa, perdem 7 pontos e têm as carteiras de motorista apreendidas. O valor é dobrado caso o motorista tenha cometido a mesma infração nos 12 meses anteriores.
Se o bafômetro registrar um índice igual ou superior a 0,05 miligrama de álcool por litro de ar, mas abaixo dos 0,34 permitidos pelo Código de Trânsito, o condutor é punido apenas com multa. No exame de sangue, o motorista será multado por qualquer concentração de álcool, e pode ser preso se tiver mais que 6 decigramas de álcool por litro de sangue.
Segundo o tenente Styvenson Valentim, do CPRE, responsável pelo comando da Blitz da Lei Seca, a população de Natal ainda não se conscientizou de que dirigir depois de beber é crime. “Ainda é muito prematuro para falar que já teve um despertar. A Blitz da Lei Seca começou em 2011 na capital, com algumas ações. Em 2012 tiveram mais algumas e em 2013 praticamente não teve. Em 2014, desde janeiro que nós começamos de forma mais intensa e o trabalho tem trazido resultados. Estamos conseguindo salvar muitas vidas. Teve um condutor que tiramos do carro que não conseguia se aguentar em pé, de tão bêbado que estava. Em diversos casos, o motorista está com uma mulher do lado, geralmente, que não bebeu, mas, mesmo assim, ele prefere dirigir embriagado do que passar o volante. E isso só irá mudar com a continuação da fiscalização”, destacou.
Com uma equipe formada por apenas 10 policiais, Styvenson lembra que, desde o fim da Copa do Mundo, tem conseguido fazer apenas uma Blitz da Lei Seca por semana. “Antes eram duas por semana, mas os policiais da minha equipe estavam exaustos depois da Copa, e eu precisei frear o ritmo, pois tinha policial, que de tão cansado, já estava errando os autos. Se tivermos mais ações, também iremos ter uma resposta mais rápida da sociedade. Hoje em dia, muitos utilizam rotas de fuga para escapar da blitz. Acham que tiveram vantagem, só que eles podem aprender a respeitar a lei da pior forma, ou seja, perdendo um parente ou tendo sua vida em risco depois de um acidente causado por um motorista embriagado”.
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Trabalho para quem tem “sangue frio”
Com a intensificação das blitzen, além do número de autuações, também cresce a quantidade de situações nas quais os policiais precisam manter o “sangue frio”. Suborno, cantadas, agressões verbais e físicas são comuns em cada abordagem.
“Teve uma vez que eu fui levar um cara preso por estar dirigindo alcoolizado, em um carro que custava mais de R$ 60 mil. Ele veio e me ofereceu R$ 5 mil na hora para que eu o liberasse. Eu neguei e ele me ofereceu, além dos R$ 5 mil, o carro dele. Ele me falou que dava na hora. Achei aquilo estranho. Quando cheguei na delegacia, o carro do caro era roubado. Mas todos os dias temos que lidar com situações como essa. As pessoas oferecem dinheiro vivo. Pedem a conta corrente e dizem que vão transferir o dinheiro na hora”, afirmou o tenente Styvenson.
Para ter sucesso da operação, o tenente destaca que sempre tem instruído os policiais e manterem a calma o tempo inteiro e só usar de “violência” em último caso. “Muitas vezes, quando paramos mulheres, eles começam a “cantar” os policiais. Em outros casos as pessoas ficam violentas, xingam e até mesmo querem bater nos policiais. Sempre falo para eles manterem a calma e não perderem a linha nesse tipo de situação. Imagina um policial da equipe aceitando a cantada de uma garoto ou agredindo uma pessoa. Isso faria todo o nosso trabalho ir por água abaixo”.
Para conseguir manter a equipe de policiais “focada”, Styvenson conta que faz um rígido trabalho de seleção. “Hoje em dia os policiais da minha equipe já sabem o que precisam fazer. Eles sabem onde montar barreiras, como agir com os condutores. Quando recebem alguma proposta de suborno, eles logo me procuram. Confio 100% neles. Como falei, precisamos de efetivo para aumentar as fiscalizações. Porém, se o comando geral me oferecesse 100 policiais para entrar para a equipe, eu só ficaria com uns 20, pois não é qualquer um que pode fazer esse trabalho. É muito complicado mesmo. O policial passa por situações bem complicadas”.

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