segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

A guerra que Natal esqueceu



O histórico encontro em Natal do presidente norte-americano Franklin Roosevelt com o brasileiro Getúlio Vargas, na manhã do dia 28 de janeiro de 1943, selou a criação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e seu envio aos campos de batalha na Itália.

O encontro e, em seguida, a inspeção de todas as instalações militares americanas existentes na cidade, feita a bordo de um Jeep pelos dois presidentes e comitiva, foram encenados por cinco anos, de 2009 a 2013, com direito a carro e figurino imitando os originais. É principalmente assim, por meio de eventos como esse, ou de fotografias, artigos, reportagens, livros, filmes-documentários e até obras de ficção, que as pessoas ficam sabendo como se deu a participação de Natal na Segunda Guerra.

Há muitos lugares na cidade ligados à presença dos soldados norte-americanos, que desembarcaram aos milhares em solo potiguar para lutar no conflito mundial. Difícil, atualmente, é identificá-los, uma vez que não há nenhuma indicação nos locais.
Joana LimaA restauração da Rampa é promessa antiga. Obra está inacabadaA restauração da Rampa é promessa antiga. Obra está inacabada

O cidadão que passa em frente ao prédio localizado na esquina das avenidas Tavares de Lira e Duque de Caxias, em frente a praça da Igreja Bom Jesus, na Ribeira, não tem como saber que ali foi o Grande Hotel - no passado, o principal ponto de hospedagem da cidade, tendo recebido visitantes famosos, como atores de Hollywood da década de 40. Há uma famosa foto com militares americanos bebendo à mesa. Pela janela, ao fundo, dá para ver a Igreja Bom Jesus.

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E a Rampa, em Santos Reis? Ela foi uma antiga estação de passageiros e de transporte de correspondências utilizada como base para receber hidroaviões. Por seu posicionamento estratégico, teve grande importância durante a Segunda Guerra, quando veio a se tornar a primeira base a operar missões da guerra na América do Sul. Mas cadê algo no local que informe?

A construção estava em obras para ser transformado no Museu da Rampa, com um vasto e valioso material documental sobre a aviação em Natal e a participação da cidade na Segunda Guerra. A obra, porém, foi interrompida e nem o responsável pelo acervo, o pesquisador Frederico Nicolau, sabe dizer se um dia ela será concluída. “Nesse governo, que está acabando, não sai mais. Vamos para que a próxima gestão dê continuidade ao projeto”, disse Nicolau, que em maio deste ano esteve na Itália, na região em que aconteceu a Batalha de Monte Castelo, na qual brasileiros, inclusive potiguares, lutaram ao lado dos americanos contra os alemães. De lá, o pesquisador trouxe cápsulas de munição usadas na guerra, encontradas sob o chão de Montese. O material iria compor o acervo do Museu da Rampa.  

As obras para restauração da antiga rampa foram iniciadas em julho de 2013. A intenção do Governo do Estado, gestor do espaço, era inaugurá-lo em junho de 2014, para aproveitar a vinda de turistas estrangeiros, especialmente americanos, a Natal para assistir aos jogos da Copa do Mundo, mas não foi possível.

Exatamente em junho, durante visita da embaixadora dos Estados Unidos Liliana Ayalde e da cônsul geral Usha Pitts ao local, a secretária estadual de Trismo, Gina Robinson, disse que havia chegado a hora de Natal tirar algum proveito de seu passado histórico. A última previsão de inauguração divulgada foi dezembro, mas não vai acontecer.

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