Anderson Barbosa
Do G1 RN
Galeria
encontrada nesta terça-feira (9) no Pavilhão 1 de Alcaçuz
possibilitaria a maior fuga da história da unidade, afirmou a direção
(Foto: Divulgação/Coape-RN)
A 'caverna' escavada por presos sob o piso de um dos pavilhões da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, no
Rio Grande do Norte,
será aterrada com areia e brita. O trabalho, que deve começar a ser
executado ainda nesta quarta-feira (10), pode demorar até dez dias para
ser concluído. O custo, no entanto, não foi calculado. As informações
são do agente penitenciário Ivo freire, diretor da unidade. A estrutura,
que segundo o diretor seria usada para a maior fuga da história da
penitenciária, foi descoberta na manhã desta terça (9).
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Ao
G1, Ivo Freire disse que a areia a ser utilizada no
aterramento será retirada da própria penitenciária. “Areia é o que mais
temos aqui, uma vez que Alcaçuz encontra-se sobre uma região de dunas.
As britas serão trazidas por caminhões. Utilizaremos tratores para
escavar uma passagem no lado de fora do pavilhão. Depois, a terra será
empurrada parta dentro do buraco. Algumas passagens dentro da galeria
serão concretadas”, explicou o diretor.
Ainda de acordo com o Ivo, os presos do pavilhão devem ser retirados
das celas e uma revista será realizada no local. O objetivo, segundo
ele, é encontrar o túnel que foi aberto para que os presos pudessem
fazer a escavação.
Alcaçuz fica no município de
Nísia Floresta, na Grande
Natal.
Com mais de 900 presos, é a maior unidade prisional do Rio Grande do
Norte. No Pavilhão 1, onde a caverna foi descoberta, está parte dos
presos investigados na Operação Alcatraz, deflagrada no início do mês e
que aponta a existência de facções ditando regras e comandando crimes a
partir de presídios do Rio Grande do Norte.
Agentes mostra que é possível caminhar dentro da
caverna (Foto: Divulgação/Coape)
Visita suspensa
Quarta-feira é dia de visita íntima em Alcaçuz. No entanto, em razão da
descoberta, os presos do Pavilhão 1 estão impedido de ter qualquer
contato. “Suspendemos as visitas das mulheres aos presos do Pavilhão 1,
onde encontramos a caverna, e também do Pavilhão 4, onde na semana
passada achamos um túnel”, afirmou. Como nos demais pavilhões a visita
está ocorrendo normalmente, temos que esperar as mulheres saírem da
penitenciária para iniciarmos o trabalho. É uma questão de segurança”,
acrescentou.
Trabalho de anos
De acordo com o juiz Henrique Baltazar, titular da Vara de Execuções
Penais do estado, até a Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN) chegou a ser chamada para tentar localizar a caverna. "Faz tempo
que tentava-se descobrir onde estava. Foi um trabalho de anos. Há
registros de detentos que morreram soterrados nos últimos anos
justamente no Pavilhão 1", revela Baltazar.
Um
vídeo gravado pelos agentes penitenciários (
veja ao lado)
mostra que a galeria possui diversas passagens, de diferentes tamanhos,
para serem usadas pelos presos. Os túneis, segundo Baltazar, vêm das
celas ou levam para o lado de fora. O juiz explica que os presos cavam
túneis menores até a galeria maior e de lá fazem novas escavações para
chegar na área externa da penitenciária.
Ainda segundo o magistrado, havia uma grande fuga programada para este
fim de ano em Alcaçuz. "A ideia dos presos era realizar uma fuga em
massa. Conversamos bastantes com os órgãos sobre essa segurança externa.
É preciso colocar a Polícia Militar para cumprir esse papel. O pessoal
do sistema prisional faz o possível. Com o trabalho de inteligência e
denúncias foi possível evitar, mas todo fim de ano a gente sabe que
acontecem grandes tentativas de fuga", conta o juiz.
Maior fuga da história
A maior fuga da história da Penitenciária Estadual de Alcaçuz aconteceu
no dia 20 de janeiro de 2012. Ao todo, 41 detentos escaparam das celas,
que estavam sem cadeados, e passaram por cima do muro do chamado
Pavilhão 5 da unidade, onde hoje funciona o Presídio Estadual Rogério
Coutinho Madruga.
Quando inaugurado, em dezembro de 2010, o pavilhão era considerado de
segurança máxima. Dos que escaparam, 28 foram recapturados e 9 morreram
em ações criminosas. Quatro continuam foragidos.
Túnel
Na última quarta-feira (3), uma
revista realizada no Pavilhão 4 de Alcaçuz encontrou um túnel na quadra usada pelos detentos para o banho de sol.
Na ocasião, o diretor da penitenciária explicou que os presos
utilizaram sacos de areia e o próprio piso de pedra da quadra para
esconder o túnel. "Fizeram um corte naquele espaço e camuflaram com
pedras. O local é usado pelo menos quatro vezes por semana para banhos
de sol e visitas íntimas. São momentos em que os presos sabem que não há
uma segurança mais enérgica", ressalta o diretor. Freire acredita que
vários detentos se revezaram para cavar o túnel.
Presos usaram sacos de areia e piso para cobrir túnel no Pavilhão 4 de Alcaçuz (Foto: Divulgação/Sejuc-RN)
Alcaçuz
Alcaçuz foi inaugurada em 1998. Quando erguida, chegou a ser
considerada pelo Estado como unidade de segurança máxima. Em 2012, a
unidade passou
dois meses interditada por condições degradantes de estrutura.