Na noite de 15 de outubro, a capixaba
Jéssica Pinto da Luz completou seu 22º aniversário. Não recebeu flores,
regalos nem abraços de amigos. Moradora de rua, a jovem foi presenteada
apenas com um copo d’água oferecido pelo porteiro que trabalha no
edifício de número 479 da Avenida Amaral Peixoto, próximo de onde fixou
residência, segundo ela, desde fevereiro. Com 1,74m, 55 quilos, olhos
castanhos claros, rosto delicado e cabelos ruivos até a altura do ombro,
Jéssica, com sua beleza, chama a atenção dos pedestres do bairro, que a
apelidaram de “mendigata” e “Gisele Bündchen”.
— Ela é uma menina linda, inteligente e
dócil, mas infelizmente está perdendo a luta contra as drogas. Torço
para que consiga se libertar desse vício e possa um dia sair das ruas —
deseja o porteiro José Aldir dos Santos (a quem Jéssica chama de coroa),
que sempre que pode dá comida e conselhos à jovem.
O vício em tíner, como a própria admite,
a fez perder a guarda da filha mais velha, em 2009. Agora, diz que luta
para que o mesmo não aconteça à caçula, de 1 ano e 1 mês, que ficou com
a irmã dela em Sorocaba (SP), onde morava, antes de vir para o Rio
tentar um emprego.
— Meu sonho é arrumar um trabalho para
poder voltar a ter uma vida normal e cuidar da minha filha — disse
Jéssica, enquanto segurava um álbum de fotos da menina, que nascera
prematura, aos 6 meses.
Jéssica contou que antes de optar pelas
ruas de Niterói, trabalhou em Copacabana como balconista e, depois, como
prostituta, época em que, diz a jovem, conseguia pagar o aluguel de um
apartamento no bairro carioca.
Em nota, a prefeitura afirma que “a
jovem não se encontra mais no local e está sendo acompanhada desde
quinta-feira pelas equipes de assistência social e saúde”. Jéssica diz
que tem passado os dias no abrigo municipal Florestan Fernandes, no
Centro, e que, à noite, volta às ruas para dormir.
O Globo
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