O atacante brasileiro Hulk, do Zenit São
Petersburgo, afirmou neste domingo que foi alvo de ofensa racial por
parte do árbitro de uma partida do Campeonato Russo, no sábado, em mais
um caso de denúncia de racismo no futebol do país que será sede da
próxima Copa do Mundo.
O jogador de 28 anos afirmou, em
entrevista à Reuters por telefone de sua casa na cidade russa, que o
árbitro Alexei Matyunin disse a ele, em uma discussão em inglês ocorrida
dentro de campo, que não gostava dele nem de negros.
Hulk contou que foi reclamar com o
árbitro da “cera” do time adversário e passou por uma situação “muito
desagradável”. “Eu fui falar com o árbitro do jogo numa boa, com
educação, e toquei nele normalmente para falar com ele, e ele virou e
disse, com arrogância, para eu não encostar nele”, afirmou Hulk na
entrevista.
“Eu pedi calma, mas ele começou a ficar
nervoso, e eu, na quentura do jogo, falei: ‘Você é racista?’” O árbitro,
segundo o jogador, respondeu: “Sou, não gosto de você e não gosto de
preto”.
De acordo com Hulk, o incidente
aconteceu no começo do segundo tempo da partida em que o Zenit perdeu
for a de casa por 1 a 0 para o Mordóvia, no Start Stadium, pelo
Campeonato Russo.
“Houve uma situação em que um jogador do
time adversário estava caído, o árbitro mandou a maca entrar em campo, e
depois que a maca chegou para colocar o jogador em cima, o jogador
disse que não precisava mais da maca. Ele mandou a maca sair, e o
jogador levantou”, contou Hulk.
ESPN
“Eu fui falar normalmente com o árbitro,
e ele até então estava normal, mas de repente ele passou a mudar
comigo, ficou arrogante”, acrescentou Hulk, que defendeu a seleção
brasileira na Copa do Mundo deste ano, e tem sido vítima de casos de
racismo na Rússia desde que foi contratado pelo Zenit do Porto, em 2012.
Em setembro, o jogador brasileiro disse a
jornais russos que ouviu de dentro de campo gritos de “macaco” por
parte de torcedores do Spartak Moscou durante partida de seu clube
contra o time da capital russa.
Para Hulk, o racismo vindo de torcedores
rivais pode até ser compreendido como uma forma de tentar
desestabilizar um jogador adversário. Mas não se pode dizer o mesmo de
ofensas proferidas por um árbitro.
“Sempre houve racismo de torcida
adversária. Não é aceitável, não podemos aceitar racismo
independentemente da forma que for, é uma coisa que não deveria existir,
mas quando é da torcida adversária a gente não aceita, mas entende que é
a torcida adversária, quer fazer com que o jogador rival não se
concentre, é normal”, disse.
“Agora, o árbitro, que tem que implementar a lei do jogo, não pode se envolver nisso”, acrescentou.
Além de Hulk, outros jogadores já foram
vítimas de ofensas racistas no futebol russo recentemente. O comitê
disciplinar da União Russa de Futebol impôs sanções ao Torpedo Moscou,
em setembro, após torcedores do clube serem considerados culpados por
cânticos de macaco direcionados ao congolês Christopher Samba, do Dínamo
de Moscou.
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