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O setor de Ortopedia do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, principal unidade de saúde pública do Estado e o único “portas abertas” para casos de traumas ortopédicos na Grande Natal, faz 200 cirurgias por mês, das quais 180 são em vítimas de acidentes envolvendo motocicletas, o correspondente a 90% da demanda. Os acidentes de moto também são responsáveis por 43,9% das colisões com vítimas fatais registrados em Natal durante o primeiro semestre de 2014, de acordo com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran/RN). Esse percentual vai para 52,9% se considerar os casos no Rio Grande do Norte.
Magnus NascimentoÍtalo Martins, 22, sofreu acidente no dia 1º de julho, quando ia ao trabalho. Teve fratura exposta
Segundo o Comando de Polícia Rodoviária Estadual (CPRE), de janeiro a julho deste ano foram registrados 945 acidentes com vítimas envolvendo motocicletas, motonetas e triciclos que resultaram em 1.149 pessoas feridas. Pelos corredores do Walfredo Gurgel, o mais comum é encontrar pacientes que aguardam atendimento ou cirurgia em decorrência de um acidente de moto. Registros da Polícia Rodoviária Federal, entre janeiro e julho, apontam 287 acidentes envolvendo motos em Natal, com 276 feridos e seis mortos.
Ítalo Martins, de 22 anos, trabalha como guia no Maior Cajueiro do Mundo, em Pirangi, mas na manhã de ontem estava no hospital em Natal devido ao acidente que sofreu no dia 1º de julho, quando ia ao trabalho. Ele bateu de frente com um carro que fez uma curva ocupando a contramão. Devido à batida, ficou com uma fratura exposta na canela esquerda.
O primeiro acidente que sofreu em quase oito anos que utiliza o veículo lhe rendeu três meses com um fixador (os chamados pinos), além dos 30 dias que passará com o gesso posteriormente. Enquanto isso, ele está sem trabalhar, mas não pretende deixar de andar de moto. “Preciso da moto para ir ao trabalho e à noite faço um bico entregando fotos em hotéis”.
Assim como Ítalo, Leonardo Kelvin Soares da Silva, de 19 anos, sofreu acidente no dia 2 de agosto que resultou na fratura do pé esquerdo. “Estava na minha faixa, um carro quis entrar numa rua sem dar seta e acabou batendo na lateral da minha moto. Eu voei em uma cerca de arame farpado, o que me salvou foi o capacete. Fiquei com as costas toda arranhada, mas podia ter batido a cabeça ou o pescoço”, lembra. Ele ainda aguarda a cirurgia e não sabe quanto tempo passará até se recuperar totalmente, mas não pretende voltar a andar de moto.
O cirurgião José Xavier explica que o principal problema dos acidentados com moto que dão entrada no Walfredo é a fratura de extremidades, como pés, pernas e braços. Já a demanda do interior do Estado, segundo ele predomina trauma crânio-encefálico devido ao baixo uso do capacete entre motoqueiros. Segundo boletim estatístico apresentado pelo Seguro DPVAT referente ao primeiro trimestre de 2014, a maioria das vítimas de acidente de motocicletas é jovem em idade economicamente ativa. Pessoas de 18 a 34 anos correspondem a 58% das vítimas com sequelas permanentes.
No RN, das 208 indenizações por morte pagas durante os três primeiros meses deste ano, 130 foram por acidente de moto. O número representa um aumento 14% em relação a 2013, quando foram pagas 114 indenizações. O gasto com pagamento das indenizações a motociclistas passou de R$ 1,5 milhão (2013) para R$ 1,7 milhão.
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