Foto: José Aldenir
Diego Hervani
Repórter
O soldado Paulo Melo dos Santos, de 43 anos, foi velado na manhã deste sábado (20), em São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal. O PM foi morto por disparos de arma de fogo na noite da última quarta-feira (17), quando fazia um “bico” de segurança em um estabelecimento. Familiares e amigos estavam revoltados e cobraram justiça.
A reportagem do Jornal de Hoje tentou conversar com os familiares da vítima, mas eles estavam muito abalados e não tiveram condições de conceder entrevista. “Eu até gostaria de falar com vocês, mas estou sem condições”, disse o irmão gêmeo de Paulo, Pedro Melo. Já Minervina Ferreira Silva, amigo de Paulo, lamentou o ocorrido e classificou o PM como “uma pessoa fantástica”. “O Paulo não fazia nada contra ninguém. Ele foi meu padrinho de casamento e vai fazer uma falta muito grande para todo mundo. Infelizmente ele é mais uma vítima dessa violência do nosso Estado”.
O soldado Dos Santos, como era conhecido na corporação, deixa esposa e dois filhos, uma menina de 12 anos e um garoto de três. “Ele era um pai exemplar. Os filhos o adoravam. Ele nunca deixou faltar nada para os filhos. Esse ‘bico’ que ele estava fazendo era exatamente para que a família pudesse ter uma vida melhor, pois o trabalho de PM é bem complicado”, disse Minervina.
Já um outro amigo de Paulo Melo, que trabalhou com ele na PM, disse que ele era querido por todos os colegas. “Ninguém tinha o que falar dele. O Paulo era muito prestativo com todos e sempre foi um policial muito dedicado. Infelizmente, apesar de toda a dedicação, o trabalho na PM nem sempre foi o suficiente para a vida que ele queria proporcionar para a família e ele foi fazer esse trabalho de segurança. Ele estava no lugar errado na hora errada”.
O soldado Paulo dos Santos estava fazendo a segurança do restaurante Cartola Bistrô, na rua Francisco Pignataro. Segundo informações de testemunhas, dois homens chegaram em uma Strada de cor branca. Um deles desceu e atirou contra o PM, que estava sentado em uma moto em frente ao estabelecimento. Ele foi atingido nas costas e na cabeça. Os criminosos fugiram levando a arma do policial. O dono do restaurante informou que Paulo dos Santos estava substituindo uma outra pessoa que fazia a segurança no local e que era a primeira vez que ele realizava esse serviço.
O PM ficou internado no Walfredo Gurgel por quase dois dias, mas faleceu no final da tarde desta sexta. O policial tinha 14 anos de carreira, trabalhou por muitos anos na Ronda Ostensiva Com Apoio de Motocicletas (Rocam), mas atualmente estava lotado na Diretoria de Pessoal da corporação.
Nessa sexta, um adolescente de 16 anos foi apreendido pela Polícia Civil suspeito de participação no crime. A polícia investiga se ele estava em um dos carros usados pelos suspeitos no dia do crime. O menor de idade também aparece em uma foto ao lado de um jovem apontado como principal suspeito da morte do PM. Após o depoimento, o adolescente ainda realizou um exame residuográfico no Itep. O exame apontará se há, ou não, resíduos de pólvora nas mãos dele.
A principal hipótese apontada pelas investigações é de que os suspeitos foram ao restaurante para roubar a arma do policial militar. Porém, o alvo seria o PM que Paulo estava substituindo. De acordo com a Polícia Militar, os suspeitos roubaram três veículos em bairros diferentes de Natal, horas antes do assassinato do policial. Um dos veículos foi utilizado pelos adolescentes para ir ao restaurante onde estava Paulo Melo dos Santos. A proprietária do carro identificou, através de uma foto, os adolescentes que teriam roubado o seu carro.
Em entrevista para o Jornal de Hoje, Roberto Campos, presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar do Rio Grande do Norte (ACSPM/RN), disse que crime poderia ter sido evitado caso o Estado honrasse os compromissos com as Diárias Operacionais. Hoje em dia não é vantagem para um PM aceitar trabalhar fora do expediente para receber Diária Operacional. Primeiro o valor é baixo (pode variar de acordo com o trabalho que o PM irá fazer). Segundo que o Governo constantemente atrasa o pagamento das diárias, como aconteceu com a Copa do Mundo, que pagaram apenas o primeiro jogo (faltam pagar de outros três jogos). Por isso os soldados acham melhor trabalhar fora da corporação”.
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