Em menos de um ano após inaugurados, os dois maiores empreendimentos do estado, Aeroporto Internacional Aluizio Alves e Arena das Dunas, podem ser vendidos. Ambos são administrados pela iniciativa privada e as companhias que os administram, de acordo com o jornal Valor Econômico, estão sem crédito no mercado e com o caixa apertado, devido ao envolvimento na operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras. Empresas negam a negociação.
Como não se sabe ao certo se essas negociações serão benéficas aos dois empreendimentos e podem impactar em diversos setores da economia do estado, o assunto preocupa as autoridades, que preferem não se pronunciar até que haja uma comunicação oficial sobre o assunto.
Em sua apuração, o Valor Econômico constatou que a Engevix (grupo Jackson) – sócia majoritária no consórcio Inframerica, administradora do novo aeroporto do estado – estuda a venda de ativos, entre eles sua participação nos aeroportos de Brasília (DF) e de São Gonçalo do Amarante (RN). Ao NOVO JORNAL, a Engevix negou que estivesse planejando se desfazer de sua parte no terminal aéreo potiguar.
“Não há nada em relação ao Aeroporto de São Gonçalo. O ativo do Grupo Jackson que está sendo avaliado é a Desenvix”, disse por meio de sua assessoria de imprensa. Os ativos da Desenvix, empresa de energia da companhia, já estão sendo negociados com a sócia norueguesa Statkraft, que detém 40,65% do negócio. A Engevix deve receber mais de R$ 500 milhões pela participação na Desenvix.
Apesar de apontar a venda do aeroporto de São Gonçalo como uma das alternativas para empresa levantar caixa, o jornal Valor Econômico classifica o terminal como sendo “pouco atrativo para o mercado que o avalia com baixo potencial de crescimento, limitando assim grandes propostas de compra”.
O jornal diz ainda que o único braço da companhia que não deve ser negociado é a Engevix Engenharia, principal projeto do grupo, voltado para a área da construção civil que foi responsável por alavancar os outros projetos que agora devem estar a venda. A razão para se desfazer dos seus ativos, entre eles o aeroporto Aluisio Alves, está no suposto envolvimento da empresa na operação Lava Jato, da polícia federal, que investiga um esquema de corrupção na Petrobrás. Os donos da companhia estão sendo investigados, entre eles, Gerson de Mello Alamada, que foi preso pela Polícia Federal e Gerson Kok, que sofreu condução coercitiva sendo obrigado a depor. A sede da empresa em Barueri/SP passou por ação de busca e apreensão.
Silêncio
O governador Robinson Faria disse que não havia tomado oficialmente conhecimento do fato e que não foi procurado pelas duas empresas para tratar sobre as vendas. Em São Gonçalo do Amarante o prefeito Jaime Calado manifestou-se com a mesma justificativa, por meio de sua assessoria de imprensa. O secretário de Turismo, Ruy Gaspar, disse que não tinha conhecimento sobre o assunto, mas por se tratar de empreendimentos privados, a negociação não deveria sofrer influência direta do Estado. Já o secretário (adjunto) interino de Desenvolvimento Econômico do estado, Orlando Gadelha, esteve ocupado em reunião e não respondeu à reportagem.
Outros grupos investigados pela Polícia Federal na operação também enfrentam dificuldades na obtenção de crédito no mercado, entre elas o grupo OAS, que no Rio Grande do Norte administra a Arena das Dunas. O Valor Econômico publicou que o consórcio também estuda vender diferentes ativos do seu portfólio.
Oportunidade
Em entrevista, os diretores da empresa mencionaram como oportunidades de vendas suas participações diretas na Arena das Dunas (Natal), Arena do Grêmio (Porto Alegre/RS) e a Itaipava Arena Fonte Nova (Salvador/BA) entre outros investimentos. A OAS foi procurada pelo NOVO JORNAL para se pronunciar sobre o assunto, mas não houve tempo hábil para responder aos questionamentos, segundo sua assessoria de imprensa.
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