terça-feira, 21 de agosto de 2012
MINHA CIDADEZINHA
ERA UMA VEZ
Melão terra adorada
Parte do meu coração
Abençoado por Deus
Lindo pedaço de Chão.
Não tinha a luz elétrica
Nem água, nem provisão
Mais tinha a sua beleza
Natural do meu sertão.
Tinha o seu aconchego
O vizinho a partir o pão,
O sorriso largo na cara
E a sua saudação...
Os muros eram de varas,
Não havia confusão...
Tudo era dividido...
O abraço, o café e o feijão.
A noite juntos nas calçadas
Não tinha a televisão,
Eram contadas as histórias...
De princesas e assombração.
Não tinha portão de ferro
Não existia ladrão...
O sono era tranquilo
Uma doce opção.
A luz era a lamparina...
Pavio de algodão...
Combustível, querosene,
Perfeita combinação.
Água pegava-se no açude
Na cabeça o balde trazia
O chuveiro era uma cuia
Que os moradores fazia.
Praia era a cachoeira
Onde muitos se esbaldavam
Virou um ponto turístico
Pra todos que ali passavam
Teatro era João Redondo
De um povo que aqui morava
Também tinha os violeiros
Que embalavam a madrugada.
A feira era uma festa
Nela vendia-se e comprava
Era ponto de encontro
Pra aqueles que namoravam.
moeda era vintém
Dinheiro não era problema
Guardado lá no colchão
Não era nenhum dilema
A Criação era bovinos
Era sua economia
E também a agricultura
Que por aqui existia.
Não tinha cabeleireiro
Os cabelos eram frisados,
Xampu era sabão preto
Eram lindos e alisados.
Usava um diadema
Ou mesmo um laço bonito.
No rosto o pó de arroz
Deixava o rapaz aflito.
Homem usava brilhantina
Camisa com ferro engomada...
O sapato era botina
Tudo muito arrumada...
A praça era o local
Dos encontros amorosos
Tudo muito escondido,
Sem ter nenhum alvoroço
No almoço tinha o feijão
Com carne seca e farinha,
Sobremesa rapadura
Cabidela de galinha.
O jantar era xerém
café, pisado no pilão...
A panela era de barro,
Cozinhava no fogão.
Com lenha que era comprada
Pois não existia bujão...
A concha era um quengo,
O talher era um facão.
Tinha o leite e coalhada
Queijo de coalho e manteiga
Da abelha tirava o mel
E aproveitava a cera.
A canjiquinha era angu
Pamonha e milho assado
Sarapaté e buchada,
Choriço e bom bucado
A conversa era uma prosa,
Debruçado na janela...
Na calçada tinha as rosas
Exalávamos o cheiro delas.
Tinha as famosas novenas
E as comemoração...
Era as festas juninas
Antonio, Pedro e João.
As novenas eram longas
Terminava em procissão...
E quando tudo acabava,
Dançavam o forrozão
Se dançava .a quadrilha
O pastoril, boi do rei...
Todos muito animados
Cada um por sua vez.
As noites de lua cheia
Eram ótimas pra brincar
Um passava o anel...
Pra os outros adivinhar
As crianças aproveitavam
Pra pular amarelinha
Atirei o pau no gato
E contar as estrelinhas...
Não havia falta de nada,
Todos eram como irmão...
Não existia a fofoca,
E nem a competição.
Vereador não ganhava,
Nem havia a eleição.
Era apenas status
Dinheiro não tinha não.
Oh! Que saudade que tenho
Do tempo bom que passou
Das vendas, dos botiquis
Da serenata de amor.
Um dia sem mais nem menos
Alguém por aqui passou
Gostou no nosso cantinho
E tudo aqui mudou.
Mudou o nome e tudo
Acabou com o sossego
Chamou isso de progresso
Transformou o nosso enredo
Pós nome de Jericó
Não se deu por satisfeito
Mudou para coronel
Achando muito bem feito
A partir desse momento
Tudo por aqui mudou
Restando apenas saudades
O que era bom se acabou!
Tudo era tão bonito
Muito simples de viver
Mas todos eram felizes
Viviam com muito prazer.
Fonte:De mãos dadas
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