Os impactos das obras realizadas pela prefeitura na orla do município de Baía Formosa, no litoral Sul do Rio Grande do Norte, preocupam moradores da região. A população questiona se a recuperação está sendo feita de forma adequada na orla da praia do Pontal.
Na praia do Pontal, os moradores estão preocupados com um material que foi colocado na areia. Segundo a prefeitura, o rejeito da cana de açúcar estaria sendo usado como adubo para a reposição da mata nativa. "Trouxe pra cá com o intuito de haver um reflorestamento da salsa. Mas a salsa é uma planta nativa que não precisa de nada para que ela floresça. A população de Baía Formosa está preocupada com o que o rejeito pode causar tanto ao ambiente marinho como à população", disse a geógrafa Sara Brito.
Os moradores temem que, com as chuvas, o rejeito de cana de açúcar seja levado para o mar. "Tudo isso deixa a gente preocupado e angustiado, porque esse é nosso ambiente de lazer e temos que preservá-lo", disse o surfista Diego Maia.
Os problemas na praia do Pontal são antigos. Em fevereiro de 2014, o RN TV mostrou a polêmica causada pela obra de revitalização de parte da orla. Na época, o projeto previa a construção de um muro, que iria descaracterizar o local. Um ano depois, a obra foi paralisada, mas os moradores continuam preocupados. Depois que a tubulação de drenagem foi concluída, o mau cheiro na praia aumentou. "O rejeito libera gás sulfídrico, essa parte da praia está fedendo a ovo podre", continuou a geógrafa Sara Brito.
Beta Leite, diretora de Meio Ambiente da cidade, nega que o material possa prejudicar a praia. Segundo ela, a prefeitura está cumprindo determinações do Idema. "Nós tivemos a responsabilidade, até porque foi feito um estudo pelos engenheiros agrônomos e que disse que, realmente, tem um mau cheiro, mas é porque o material é recorrente dessa matéria orgânica da cana de açúcar. Mas não existe um estudo que comprove que faça mal à saúde humana", informou.
De acordo com o Idema, a obra foi embargada nesta terça-feira (24) durante uma vistoria. "Nós embargamos. Se ele insistir em construir algo nessa área, será infração", disse Luiz Augusto, diretor técnico do Idema-RN. A assessoria de comunicação da prefeitura de Baía Formosa informou que o investimento para a recuperação da orla do Pontal é de R$ 250 mil, recurso do Governo Federal.
O prazo para a conclusão dos serviços era de seis meses, mas os trabalhos só devem ser retomados quando forem liberados pelo comitê gestor, que é formado pela Superintendência do Patrimônio da União, o Idema, prefeitura e representantes da população. Uma vistoria está marcada para a próxima segunda-feira (30) para avaliar se a prefeitura cumpriu com essas adequações. "Agendamos uma vistoria porque recebemos uma denúncia. A prefeitura deverá apresentar um projeto de adequação; de requalificação da área", informou Yeda Cunha, superintendente do Patrimônio da União.
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