segunda-feira, 6 de abril de 2015

Tenente Styvenson Valentim não faz mais parte da blitz da Lei Seca no RN

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Do Jornal de Hoje.
A população de Natal já estava acostumada. Quem bebesse e depois fosse dirigir, tinha uma grande chance de ser parado na Blitz da Lei Seca comandante pelo tenente Styvenson Valentim, que ficou nacionalmente conhecido pela “rigidez” durante as operações. Entretanto, depois de pedir, por diversas vezes, mais investimentos e valorização para os profissionais que participavam das abordagens, Styvenson se disse “desgastado” e optou por deixar o comando das ações. Agora, ele tem palestrado para jovens no interior do Rio Grande do Norte.
A informação da saída do comando da blitz da Lei Seca foi confirmada pelo próprio Styvenson em entrevista para o Jornal de Hoje na manhã desta segunda-feira (6). “A situação é a seguinte: não adianta reclamar, pois nada vai mudar. Agora eu me dedico a palestras para educar os jovens, que mais para frente também irão se tornar motoristas. Falo com eles para que eles não virem essas pessoas sem educação que dirigem por aí”. Questionado sobre o que quis dizer com “não adianta reclamar”, Styvenson destacou que já tinha se cansado de pedir investimentos para melhorar o resultado das operações.
“Nós estávamos conseguindo um grande resultado, mesmo sem as condições ideais. Falei diversas vezes com os responsáveis para conseguir melhorar. E não é só questão de efetivo não, nem mesmo de equipamentos. Vai muito mais além disso”. Apesar de todos os problemas, o motivo que mais deixou o tenente chateado foi a não reposição das vagas deixadas por policiais que pediram para deixar a operação. “Nos últimos meses perdemos seis policiais que pediram para deixar a operação, pois não eram valorizados. Trabalhavam muito e não tinham retorno disso, não recebiam nada de extra. Quando fui falar, os responsáveis me questionaram, falando que eu não tinha pedido ninguém. Eu tenho que pedir? Eles viram que profissionais deixaram a operação e eu ainda tenho que ficar pedindo? Eu ainda fiz uma lista, mas não repuseram ninguém. Aí fica difícil”.
Com as negativas, o tenente conta que pensou bastante antes de pedir para deixar o comando da operação. “Muita gente falava tanto que eu só fazia reclamar, que eu fiz uma autoavaliação. Mas eu não fazia só reclamar, eu estava me dedicando para conseguir trazer melhores resultados. Eu sabia que os resultados só poderiam melhorar com investimentos. Como eu não consegui esses investimentos, eu decidi deixar o comando. Como falei, não adiantava mais reclamar, pois nada iria mudar. Eu realmente não entendo o que as pessoas querem. Eu pensava que estava fazendo algo bom, mas ainda assim reclamavam”.
Em uma entrevista para o JH, Styvenson já tinha deixado clara a insatisfação que estava sentindo por ter conseguir mais investimentos para a operação da Lei Seca. Inclusive, ele chegou a dizer que queria voltar para as ruas, combater criminosos. “Na rua as pessoas realmente precisam de ajuda. Os motoristas também, mas é um povo muito mal educado. Quando vamos disciplinar, eles reclamam, xingam. Quando você prende um bandido, ele baixa a cabeça e ainda chama o policial de senhor. Uma pessoa marginalizada, uma pessoa com quem o Estado falhou é mais educada que esse pessoal de trânsito, com quem o Estado não falhou”, disse na época.
É exatamente para evitar esse tipo de pessoa “mal educada” que o tenente agora decidiu palestrar. Ele conta que tem recebido diversos convites todas as semanas. “Foi algo que aconteceu naturalmente. Muitas igrejas e escolas públicas me chamam para palestrar. Mas é mais no interior mesmo, para pessoas mais humildes. Tem dia que eu tenho três palestras, fico o dia inteiro viajando”.
Para finalizar, o tenente explicou que a Operação Lei Seca continua em Natal. “Quem está no comando é o tenente Isaac Leão (que já trabalhava com Styvenson na operação). O Isaac é uma pessoa muito competente e tem tudo para fazer um grande trabalho. Agora, é preciso investimento. O Isaac é um verdadeiro herói por continuar trabalhando nas atuais condições”.

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