segunda-feira, 6 de abril de 2015

Forte aguarda proteção e reparos


Publicação: 2015-04-05 00:00:00 | Comentários: 0
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O Forte dos Reis Magos entrou para a lista indicativa do Patrimônio Mundial da Unesco neste ano. O monumento está compreendido no conjunto de Fortificações do Brasil. Se conseguir ganhar o status de Patrimônio Mundial da Humanidade, terá maiores chances de obter recursos para custear sua manutenção, já que um dos requisitos para estar na lista é a integridade do imóvel.  

De acordo com a superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Andréa Costa, isso já aconteceu parcialmente   quando a fortaleza passou a ser administrada pelo órgão do Governo Federal, em dezembro de 2013. Antes, a responsabilidade era do Governo do Estado, por meio da Fundação José Augusto. O resultado foi a inclusão do seu projeto de modernização no PAC, contemplado com R$ 8,5 milhões, valor que ultrapassa o que deverá ser requisitado. O projeto será concluído em maio, quando deve ser realizada uma audiência pública sobre o tema. As obras devem começar em julho. Mas, enquanto isso, o Forte está com as salas vazias: perdeu acervo, equipe e a maior parte dos seus visitantes.

No primeiro ano do Iphan no Forte, em 2014, foram 150 mil visitas, contra as cerca de 450 mil em 2013. De acordo com o ex-diretor do monumento, Vatenor Oliveira, em meses de alta estação, como fevereiro, março e julho, o número de pessoas chegava a 45 mil. 

O material que era exposto pertence à Fundação José Augusto e foi levado para outros equipamentos da instituição. A mostra “História da cidade do Natal” pode ser vista hoje no Memorial Câmara Cascudo e outras peças foram acondicionadas na Pinacoteca do Estado. O mobiliário que estava no Forte foi dividido entre vários outros órgãos, como Centro de Documentação (Cedoc), Gráfica Manimbu e a própria Fundação. 
Ana SilvaEm 2013, 450 mil  pessoas visitaram o Forte dos Reis Magos. Ano passado, esse número caiu para 150 milEm 2013, 450 mil pessoas visitaram o Forte dos Reis Magos. Ano passado, esse número caiu para 150 mil

O Iphan não tem pessoal suficiente e revesa seus 11 funcionários em plantões todos os dias, das 8h às 16h, exceto nas quartas (das 8h às 12h) e quintas-feiras (das 12h às 16h). Até mesmo o horário de funcionamento tem confundido quem chega. A potiguar Roseane Beatriz levou o amigo carioca Thiago Andrade na quarta-feira (1º) à tarde e encontrou as grandes portas fechadas. Lamentou: “é o principal ponto histórico daqui”. 

Há alguns meses, as AGÊNCIAS DE TURISMO retiraram o Forte, que marca a fundação da cidade de Natal, da rota de passeios. Quem trabalha por ali reclama da ausência de turistas, mas também de segurança e manutenção. Próximo ao estacionamento, a ambulante Valdemira Gomes diz que quando chove, os carros ficam atolados nos buracos. “Tem um trecho com uns oito grandes. O meio fio, da época da Copa, nem chegou a ser concluído”. Os buracos de que fala dona Valdemira, se repetem ao longo dos 800 metros da passarela que leva à entrada. 

“No percurso não tem uma lixeira. Nem segurança. O caminho está cheio de pedras soltas. É um lugar que paga pra entrar, mas você vê que é abandonado”, fala a guia de turismo Suely Nascimento, que diz trabalhar na única agência que ainda inclui esse passeio no roteiro. “Eu continuo trazendo porque a Fortaleza é para Natal o que o Cristo é para o Rio”, justifica. 
 
Em 2013, 450 mil pessoas visitaram o Forte dos Reis Magos. Ano passado, esse número caiu para 150 mil - Foto:Ana Silva

Quem pensa igual é a comerciante Cristina Andrade, que há 20 anos vende roupas e acessórios perto do ponto turístico. “A imagem do Forte é usada o tempo todo para divulgar a cidade, mas não cuidam dele”, faz queixa e apelo. “Desde que houve a mudança da administração, as vendas caíram, e muito. Eu peço aos governos que olhem e deem mais atenção ao Forte, que é tão bonito e está desse jeito”. Quando perguntada sobre a visita, a gaúcha Alessandra Grando disse que “deixa a desejar”. “O trabalho dos guias é muito bom, mas aqui não é conservado”, disse. 

Também do Rio Grande do Sul, Marinês Melo acredita no potencial turístico do espaço, mas diz que “a manutenção precisa de atenção”, e comenta que ouviu falar da possibilidade de instalação de um museu. “Seria importante preservar e mostrar o acervo”. 

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