Alex Viana
Repórter de Política
O professor da UFRN Rubens Ramos, especialista em mobilidade urbana, afirmou hoje que o governador eleito, Robinson Faria (PSD), marca um golaço ao decidir encerrar a obra de adequação da Avenida Engenheiro Roberto Freire e priorizar, com os recursos, da ordem R$ 260 milhões, a construção de uma terceira ponte sobre o rio Potengi, com apenas parte da verba. Para ele, vias expressas, como a projetada e já licitada para a Avenida Engenheiro Roberto Freire, “são coisas do passado”, e não atendem mais às necessidades de mobilidade dos dias atuais. “Em primeiro lugar dizer que foi um grande presente de Natal o encerramento da obra da Roberto Freire. O governador eleito Robinson Faria marca dois gols em favor de Natal: ao decidir encerrar essa obra e ao construir a terceira ponte sobre o rio Potengi”, afirmou Rubens Ramos, em entrevista ao Jornal da Cidade, da FM 94.
Na avaliação do especialista, “vias expressas são soluções do passado e a história já mostrou que elas produzem mais problemas que soluções, por destruírem todas as vidas habitacionais e comerciais no seu entorno”. Na visão do professor, caso se torne uma via expressa, “nós teremos o fim da Roberto Freire como nós conhecemos hoje: avenida próspera, bela, por exemplo, para quem é da cidade e para o visitante”.
Assim, ele conclui que “foi uma decisão excepcionalmente positiva” a anunciada por Robinson. “Natal tem que agradecer e as gerações futuras irão agradecer essa decisão do governador eleito Robinson Faria. Sem dúvida, foi uma excelente decisão e acho que, talvez, já valeu, ao meu ver, a sua eleição. Quem votou em Robinson Faria já valeu a eleição dele, a decisão de não fazer essa obra da Roberto Freire”, declarou o professor.
ARGUMENTOS
Ao justificar sua posição contrária à obra da Avenida Engenheiro Roberto Freire, o professor Rubens Ramos afirma não se tratar de ser contra ou a favor de obras de mobilidade, mas de defender ações que efetivamente melhorem o fluxo de pessoas na cidade. “Há certas coisas que não funcionam mais e, particularmente, vias expressas não são boas ideias para mobilidade na cidade”.
O problema da mobilidade, a seu ver, vai adiante do debate proposto, e envolve mudança de conceito de uso de carros e planejamento de longo prazo, pensando, efetivamente, nas futuras gerações – aliás, termo usado bastante pelo futuro governador. “O carro não consegue resolver o problema de mobilidade e há o efeito negativo da questão econômica e habitacional no entorno delas. Por isso que a Roberto Freire não era uma boa ideia. Temos que pensar outras opções de soluções para a cidade, que deem conta dos principais movimentos”, defende.
De acordo com Rubens Ramos, dois terços dos movimentos da cidade são de pessoas se deslocando ou para estudo ou para o trabalho. “No primeiro mundo, em cidades mais avançadas, e no Brasil, esse movimento principal, esse transporte, tem que ser feito em transporte de maior capacidade e qualidade também. Seja isso o bonde moderno ou o metrô. Eu acho que em Natal nós temos como pensar soluções de uma envergadura que resolva os problemas para os próximos 100 anos e não para um momento pontual como agora”.
PONTE
A respeito da terceira ponte sobre o rio Potengi, o especialista em mobilidade urbana diz ser necessária porque há um fluxo diário de cerca de 200 mil pessoas por dia transitando entre a zona norte e o restante da cidade. “Sem dúvida essa ponte é necessária”, afirmou, chamando a atenção para que o novo equipamento, a ser concebido pelo governo do Estado, contemple um transporte integrado com ciclovia. “Sem dúvida, se tem que haver essa ponte adicional”, declarou, propondo, inclusive, possíveis cenários para a ponte, sendo eles, do Baldo, da Avenida Dois, ou da Avenida Quatro.
Para Ramos, a nova ponte levará tráfego de veículos para uma região de pouca confluência (Baldo), tendo como opções, ainda, a interligação com setores comerciais da cidade, como o Alecrim. “Em minha opinião iria renovar o Alecrim, tornaria a zona Norte e o Alecrim um centro integrado, comercialmente falando, devido à facilidade do acesso. Mas acho que o que interessa aqui é a construção dos cenários, que hoje, com o computador, é muito mais fácil do que no passado. Ou seja, montar cenários e adotar critérios de decisão”.
Para Rubens Ramos, criar um espaço para o debate com a população também é importante. “Para que possamos construir, pela primeira vez em Natal, um projeto que seja tipicamente de países desenvolvidos, elaborado democraticamente, com cenários, e as pessoas se apresentando democraticamente, não só em uma audiência pública onde se mostre um projeto pronto e acabado, mas permitir a construção da ideia com a participação das pessoas, dos comerciantes, do morador, do ciclista, do taxista, do empresário de ônibus, enfim. Eu sugiro que haja essa construção de cenários, com opções de ponte aqui, outra ali e outra acolá e chegar à melhor alternativa para a cidade”.
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