Da Folha - Em uma medida à Odorico Paraguaçu, o prefeito da
fictícia Sucupira cuja principal meta de governo era conseguir inaugurar
o cemitério municipal na novela “O Bem-Amado”, de Dias Gomes, o
administrador de uma cidade do Acre encomendou 298 caixões para doação
-metade deles para crianças. A ação virou motivo de piada entre os
moradores de Feijó: por ano, morrem menos de cem pessoas na cidade, que
tem cerca de 32 mil habitantes e fica a 400 km da capital do Estado, Rio
Branco. “Esse benefício eu tenho certeza que ninguém vai querer ganhar
estando vivo”, comenta o ambulante Raimundo Pessoa Balbino, 56,
enquanto faz o sinal da cruz.
O levantamento do número de óbitos
foi realizado no cartório municipal pelo Sindicato dos Moveleiros, que
contesta a licitação na justiça. “Teria que acontecer aqui uma daquelas
pragas do Egito para dar conta desses caixões”, afirma Antônio Messias,
do sindicato.
Faz sentido. Para que nenhuma urna mortuária fique
“sobrando”, o número de mortes em Feijó precisa triplicar. Em média,
segundo a pesquisa do sindicato, há 96 enterros por ano.
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