A Polícia Federal fez nesta terça-feira, 20, buscas no
apartamento do governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), em operação
que investiga esquema de crimes financeiros e lavagem de dinheiro por meio de
empresas de factoring (negociadoras de crédito).
O peemedebista chegou a
ser preso por guardar em casa uma arma de fogo com registro vencido. A operação
também levou à prisão o ex-presidente da Assembleia Legislativa José Riva (PSD)
e um ex-secretário estadual na gestão do hoje senador Blairo Maggi (PR).
Silval foi levado para a
sede da PF em Cuiabá sob a acusação de porte ilegal de arma. O governador só
foi liberado depois de prestar depoimento e pagar fiança de R$ 100 mil
A Operação Ararath, em sua quinta fase, teve como alvo toda a
cúpula de Mato Grosso. Mandados de prisão, busca e apreensão partiram do
Supremo Tribunal Federal, única instância que pode autorizar investigação de
autoridades com foro privilegiado – Maggi está entre os investigados.
Os agentes também
vasculharam a casa e o gabinete do prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB). Nas
residências dele e de Silval, foram apreendidos documentos e computadores.
A PF também prendeu José
Riva, deputado estadual e um dos nomes mais influentes na política local, e
Eder Moraes, ex-secretário de Fazenda e da Copa na gestão Maggi. Houve buscas
na casa de ambos e no gabinete de Riva. Os dois foram levados de avião para
Brasília e recolhidos na Penitenciária da Papuda.
Ao todo, a PF cumpriu 59
mandados de busca e apreensão contra pessoas físicas e jurídicas. Ao menos 30
pessoas, entre empresários e advogados, foram conduzidas coercitivamente para
prestar depoimentos.
Nenhum outro detalhe da
operação foi divulgado, a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo
Janot (mais informações nesta página). Até mesmo notas sem nomes,
tradicionalmente publicadas no site da PF, foram vetadas.
Fachada. O esquema investigado na Operação Ararath começou a ser apurado
em 2011. Durante os trabalhos, foi identificado um grupo que usaria empresas de
factoring como fachada para a concessão de empréstimos a pessoas físicas e
jurídicas do Estado por meio de uma empresa com sede em Várzea Grande (MT) que
encerrou as atividades em 2012.
Mais de R$ 126 milhões
em cheques e notas promissórias foram apreendidos na fase anterior da operação,
deflagrada em fevereiro. Parte do dinheiro, segundo investigadores ouvidos pelo
Estado, teria sido canalizada para campanhas políticas.
A movimentação ontem foi
atípica na sede da PF. A mulher de Riva, Janete Riva, foi ouvida durante o dia.
Também prestou depoimento um representante da empresa Dimak, que, segundo seu
advogado, é acusada de ter recebido R$ 15 milhões ilegalmente, frutos da
aquisição de maquinários para o programa estadual MT 100% Equipado.
O governador chegou à
sede da PF em Cuiabá por volta das 11 horas, acompanhado de advogados, e
prestou depoimento por mais de quatro horas. A Secretaria de Comunicação do
Estado confirmou a prisão por posse irregular de uma pistola. No fim da tarde,
ele deixou o local para se reunir com a sua defesa.
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