Em depoimento à polícia, uma das mulheres contou que foi estuprada por Marcos Pereira dos 14 aos 22 anos. Na delegacia para onde foi levado, o suspeito não quis dar entrevista. Ele se limitou a dizer que não tinha detalhes sobre a acusação feita contra ele.
No momento da prisão, o pastor estava em seu carro, um Passat. Os mandados foram decretados pelos juízes Richard Fairclough, da 1ª Vara Criminal de São João de Meriti, e Ana Helena Mota Lima, da 2ª Vara Criminal da mesma comarca, na última quinta-feira (02).
Segundo o delegado Márcio Mendonça, da DCOD (Delegacia de Combate às Drogas), as investigações começaram há pouco mais de um ano, a partir de acusações que o coordenador da ONG AfroReggae, José Júnior, fez sobre o suposto envolvimento de Marcos Pereira com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Ao longo das investigações, a polícia descobriu que o pastor teria estuprado seis fiéis, entre elas três menores de idade.
Ele é investigado ainda pela suposta participação em quatro homicídios, esquemas de lavagem de dinheiro e organização de orgias com menores de idade em um apartamento em Copacabana avaliado em R$ 8 milhões e registrado em nome da Assembleia de Deus dos Últimos Dias. As pessoas eram chamadas para cultos, mas Pereira as forçava a participar da orgia para "serem purificadas", segundo o delegado. O policial disse ainda que o pastor costumava agir com violência, e que obrigava mulheres a fazer sexo com mulheres e homens a transar com homens.
Um dos assassinatos no qual Marcos Pereira estaria envolvido seria o de uma jovem que descobriu as orgias e teria tentado denunciá-lo. Um sobrinho de Marcos Pereira também estaria envolvido neste assassinato. O pastor não possui formação em Teologia. Por isso, será encaminhado nesta quarta-feira a uma prisão comum no Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste.
Marcos Pereira ganhou notoriedade por ajudar na reabilitação de dependentes quimícos e resgatar criminosos ameaçados de morte por traficantes. Em 2004, ele negociou com detentos o fim de uma rebelião em um presídio no Rio de Janeiro.
Ele chegou a trabalhar junto com a ONG AfroReggae, que se dedica a recuperar moradores de favelas que tiveram envolvimento com o tráfico de drogas. A parceria terminou em fevereiro de 2012, quando José Júnior, em entrevista ao jornal "Extra", acusou o pastor de ter ordenado os ataques realizados por traficantes contra policiais do Rio, em 2006 e 2010. Pereira negou as acusações e processou Júnior por calúnia e difamação, mas o processo foi extinto pela Justiça.
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