Empresário
Tarcísio Nóbrega de Mello Júnior e a mulher dele, a advogada Rafaela
Pereira Gurgel Silva de Mello, foram presos durante a operação Binário
Perfeito, no RN (Foto: Igor Jácome/G1)
O empresário Tarcísio Nóbrega de Mello Júnior e a mulher dele, a
advogada Rafaela Pereira Gurgel Silva de Mello, presos na noite desta
segunda-feira (14) na cidade de Currais Novos, na região Seridó do Rio Grande do Norte,
são os únicos suspeitos de envolvimento no suposto esquema de fraudes
que pode ter causado um prejuízo de R$ 3,5 milhões à empresa de
marketing multinível NNex. O delegado Odilón Teodósio, diretor de
Polícia Civil da Grande Natal, confirmou ao G1 que um
grupo com cerca de 30 pessoas também estão sendo investigadas. “O casal é
mentor do esquema, mas as investigações apontam que estas outras
pessoas também têm algum tipo de participação. Inclusive, outros
mandados de prisão podem ser expedidos nos próximos dias”, acrescentou.
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O delegado confirmou também que o inquérito deve ser concluído em 10
dias. A ação que prendeu o casal foi batizada de operação Binário
Perfeito – uma alusão à linguagem de codificação da internet. Além dos
mandados de prisão, a polícia também cumpriu mandados de busca e
apreensão em Caicó,
que fica na mesma região, e em Natal. Computadores e uma vasta
documentação foram recolhidos. O casal se negou a dar declarações.
Porém, ainda de acordo com Odilón, o empresário admitiu ter atuado como
hacker, fraudando logins de empreendedores digitais (como são chamados
os investidores que se associam à NNex). As investigações revelam que
700 logins de usuários foram fraudados, dentre eles 23 logins que se
reportam ao nome da empresa Veloz-Net.com - especializada em serviços de
provimento de acesso à internet na cidade de Caicó – de propriedade do
casal. Já a advogada nega qualquer envolvimento. O G1 tentou ouvir o casal, mas Tarcísio e Rafaela se nagaram a dar declarações.O empresário, ainda de acordo com o delegado, está detido na Penitenciária Estadual do Seridó, o Pereirão, que fica em Caicó. Por ter registro na OAB, a advogada ficará custodiada no Quartel Geral da Polícia Militar, em Natal.
Dinheiro bloqueado
O delegado Odilón Teodósio também explicou que dos R$ 3,5 milhões, montante que teria sido fruto dos golpes contra a NNex, parte teria sido utilizado pelo casal na compra de carros e imóveis. “A princípio, eles responderão por estelionato, mas se ficar comprovado a compra destes bens valores ilícitos, o empresário e a advogada também poderão ser denunciados por furto mediante fraude com possível lavagem de dinheiro, o que é ainda mais grave que estelionato propriamente dito”, acrescentou.
Segundo o advogado André Dantas de Araújo, que defende a empresa de marketing multinível, quase todo o dinheiro que está na conta do casal já foi bloqueado. “Do valor desviado, quase tudo já foi bloqueado pela justiça”, afirmou, confirmando que foi a própria NNex, há cerca de dois meses, quem fez a denúncia contra o casal.
Policiais cumpriram mandados de busca e apreensão em Caicó nesta terça (15) (Foto: Igor Jácome/G1)
A operação
Carro de luxo foi apreendido na casa dos suspeitos, em Caicó (Foto: Igor Jácome/G1)
NNexO gerente operacional da NNex, Eugênio Pachelle Costa, declarou à polícia que foram realizadas 123 mudanças fraudulentas de titularidade de logins de empreendedores, “tendo os CPFs do casal investigado registrados como destinatários dos créditos gerados pelos logins de origem, quando os indigitados modificavam o custo pela geração da mudança de titularidade (R$ 50) em créditos vultosos”.
Ainda de acordo com o gerente, a NNex desenvolve atividade econômica de venda direta de produtos e serviços e a prestação de serviços de divulgação, publicidade e comunicação na internet, remunerando a pessoa que se afilia à empresa (conhecida como empreendedor digital) por meio de tickets eletrônicos chamados e-vouchers vip e e-vouchers express. Os primeiros são usados apenas como cupons-descontos junto à rede parceira. Os outros podem, também, ser enviados para a divisão de lucros da empresa, advindo daí uma das formas de remuneração pecuniária do afiliado.
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