Bancário Hudson Pereira de Figueiredo ainda
espera por justiça (Foto: Arthur Barbalho/G1)
Há um ano e sete meses o bancário Hudson Pereira de Figueiredo, de 32
anos, espera por justiça. Baleado durante uma abordagem policial, ele
ficou paraplégico. O fato aconteceu nas proximidades da ponte Newton
Navarro, na zona Norte de Natal. Era madrugada de 12 de outubro de 2012,
Dia da Padroeira do Brasil, quando o carro do bancário foi cercado. Ele
dormia e acordou assustado. Ao arrancar com o veículo, vieram os tiros.
Treze disparos atingiram a lataria do automóvel. Uma das balas atingiu a
coluna de Hudson, que na hora deixou de sentir as pernas. "Não posso
mais movimentar minhas pernas, mas é preciso que a Justiça ande. Os
policiais que atiraram em mim me deixaram preso a uma cadeira de rodas",
disse Hudson em entrevista ao G1.espera por justiça (Foto: Arthur Barbalho/G1)
Três policiais militares do Batalhão de Choque da PM (BPChoque) respondem por tentativa de homicídio. De acordo com o comandante geral da corporação, coronel Francisco Araújo Silva, os envolvidos na abordagem são soldados e foram afastados das ruas. Uma sindicância interna foi instaurada para apurar a conduta adotada. O procedimento ainda não foi concluído e aguarda posicionamento da Justiça. Enquanto isso, os três continuam dando expedientes administrativos.
A Justiça acatou a denúncia do Ministério Público em fevereiro deste ano. Desde então, os soldados Antônio César Xavier de Melo, Celinaldo da Conceição e Flávio Costa da Silva tornaram-se, oficialmente, acusados de tentativa de homicídio com dolo eventual, pois segundo a denúncia os agentes assumiram o risco de matar quando efetuaram os disparos contra o carro do bancário.
Segundo o juiz Rosivaldo Toscano, da 2ª Vara Criminal da Zona Norte de Natal, um dos policiais já apresentou resposta à acusação. "Determinei ao Comando Geral da PM que nos forneça os endereços onde os outros dois acusados podem ser encontrados para que sejam formalmente comunicados da acusação que pesa contra eles e possam ofertar suas defesas iniciais. Estamos aguardando o fim do prazo concedido à cúpula da Polícia Militar", explicou o magistrado.
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Ainda de acordo com o juiz, existe a possibilidade de ainda este ano -
caso as defesas iniciais dos três réus não sejam acolhidas - ser
realizada a audiência de instrução e julgamento na qual o próprio
magistrado determinará se os três PMs irão ou não a júri popular.'Não posso me conformar'
"Você não vai ficar se lamentando, mas tem esse sentimento de perda. No começo não queria aceitar, mas com o tempo fui aprendendo a conviver com minha nova realidade. Até hoje não aceito, mas também não posso me conformar, senão situações como essa irão continuar acontecendo e ficarão impunes". Foi esta a resposta que Hudson deu durante a entrevista quando lhe foi perguntado sobre o que sentia quando soube que estava paraplégico e o momento atual, quando ainda aguarda por uma decisão da Justiça.
Um dos tiros disparados pelos policiais atingiu a
coluna do bancário (Foto: Hudson Figueiredo)
Hudson também falou sobre a fatídica madrugada de 12 de outubro de
2012. Ele explicou que havia saído com amigos no início da noite. Ao
voltar para casa, lembra que dormiu dentro do carro, na praça que fica
do lado norte da ponte Newton Navarro. "Eu havia bebido um pouco naquela
noite. Na volta para casa, adormeci dentro do carro. Lembro que acordei
com um homem gritando, segurando uma arma e uma lanterna", recordou (o vídeo ao lado mostra toda a ação dos policiais).coluna do bancário (Foto: Hudson Figueiredo)
Ainda de acordo com Hudson, o susto fez com que ele tentasse sair rapidamente do local. "Não dava para ver que eram policiais", contou. Naquela noite, tinha acontecido um assalto e a Polícia Militar procurava por ladrões que estavam em um carro de cor prata. O meu veículo era branco e havia um carro batido na ponte", acrescentou.
Ao todo, de acordo com perícia feita pelo Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep), 13 tiros atingiram a lataria do veículo em que o bancário estava. Dois deles, transfixaram o banco do motorista e acertaram as costas de Hudson e uma das balas fraturou a coluna dele. "Naquele instante de segundo eu já não senti mais minhas pernas. Os policiais abriram a porta do meu carro, me pegaram pelos braços e me colocaram no chão. Depois fui colocado dentro de uma viatura e levado para o hospital", relatou.
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