Berlim - O surgimento de uma nova versão do fungo que dizimou plantações de bananas no mundo inteiro durante a primeira metade do século 20 fez a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) emitir um alerta. Batizada de 4 Tropical (TR4), a nova subespécie do agente patogênico causador do mal-do-Panamá já foi encontrada em plantações na Ásia, Jordânia e Moçambique. A preocupação é que o problema chegue à América Latina e também ao Brasil. Na semana passada, a FAO pediu que os países produtores sejam mais ativos no monitoramento e prevenção da doença, considerada uma das mais destrutivas.
Magnus NascimentoPlantada em mais de 130 países, banana é a oitava cultura alimentar mais importante do mundo
A TR4 é mais agressiva do que as outras versões existentes do fungo. Ela ataca mais de 50 variedades de bananas, como as cavendish, que incluem os tipos nanica e nanicão. As bananas cavendish, líderes no mercado mundial de exportação, eram até então resistentes à essa praga.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o fungo ameaça também as variedades prata e maçã. Juntas, essas variedades correspondem a mais de 90% das bananas que chegam aos supermercados no Brasil.
“É difícil falar em termos reais, as probabilidades de a TR4 entrar no Brasil, mas eu diria que são altas e pode ser questão de tempo. O fungo pode entrar por diferentes vias, como solo contaminado em sapatos, ferramentas, mudas de bananeira – visivelmente sadias, mas infectadas –, além de plantas ornamentais que podem também ser hospedeiras”, conta Miguel Angel Dita Rodriguez, engenheiro agrônomo da Embrapa. O fungo causador do mal-do-Panamá sobrevive no solo por até 30 anos. Ele entra nas bananeiras através das raízes e invade seu sistema vascular, causando a sua morte. A planta contaminada raramente produz frutos.
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