sexta-feira, 25 de abril de 2014

O jovem que efetuou disparo está fora do estado, confira a matéria.

O conformismo estava longe de chegar ao lugar onde parentes, amigos e vizinhos se despediam do adolescente de 16 anos que almejava ser marinheiro. O sonho foi interrompido no fim da tarde da quarta passada, após acidente envolvendo um amigo, identificado nesta matéria como “T” para preservar sua identidade, que manuseava uma arma de fogo dentro da Escola Estadual Professor Raimundo Soares, em Cidade da Esperança. Vítima e acusado eram amigos de infância, mas Erick Bruno Pontes não resistiu ao ferimento no peito, mesmo socorrido.
Adriano AbreuCorpo do estudante Erick Bruno Pontes foi sepultado ontem, no cemitério do Bom PastorCorpo do estudante Erick Bruno Pontes foi sepultado ontem, no cemitério do Bom Pastor

O velório durou entre as 4h e as 16h de ontem no Centro Pastoral do mesmo bairro, reuniu direção da escola, familiares e colegas, vários em busca de um culpado e tantos indignados. O sepultamento ocorreu a tarde no cemitério do Bom Pastor. Prestes a completar 17 anos no próximo dia 15, Erick tinha um boletim exemplar, era quieto, e carinhoso, conforme relatos da família e amigos. Em um canto do velório, cerca de dez estudantes dividiam lágrimas, risos e lembravam os últimos momentos com o colega.

“Estava eu, Erick, o menino que atirou e uma menina conversando besteira, como sempre ficava, e chegou o assunto da arma. Erick não acreditou que fosse de verdade e disse: ‘duvido que você coloque ela no meu peito’”, conta Alisson Rodrigo, colega de 17 anos que estava na roda de conversa. “Aí depois Erick disse ‘duvido que você tem coragem de apertar o gatilho’, e quando ele [o suspeito] acionou a arma, ela disparou sem querer”. A lembrança foi seguida de mais choro.
A coordenadora Sandra Maciel conta que estava na direção quando uma aluna chegou, chocada, pedindo socorro e avisou que Erick havia sido baleado. Após alguns alunos exitarem, descobriu-se que o disparo teria sido efetuado por “T”. Ferido, ele foi socorrido por um professor à UPA de Cidade da Esperança e depois levado ao pronto-socorro Clóvis Sarinho, onde morreu momentos depois de dar entrada.

Ao perceber o que tinha feito, o suspeito segurou o amigo, pediu desculpas diversas vezes, o deixou no chão e saiu correndo. Desde então é procurado pela Polícia Militar. Segundo vizinhos de “T”, ele foi visto encontrando a mãe em um mercado na região e teria dito: “mãe, fiz uma merda!”. Moradores do bairro contam que, depois disso, os dois chegaram correndo em casa e logo saíram em um carro, supostamente rumo à Paraíba.

Mas o vice-diretor da escola, Tassio Paulo, conta que, quando a PM procurou a família do suspeito por telefone, uma tia disse que “se for sobre ‘T’, ele acabou de ir para Recife com a mãe”. Militares fizeram diversas buscas pelo adolescente suspeito, inclusive em campana em frente à casa dele, mas não foi encontrado, assim como seus pais. A vizinhança afirma que a maioria da família paterna é recifense. A PM também fez buscas nas casas de tios do acusado, mas nem o suspeito, nem os pais, foram encontrados.

Erick foi criado por uma mãe adotiva, segundo a tia biológica Maria do Socorro Pontes. “Nilda, que é como uma irmã para a gente”. Ela conta que o pai já havia morrido e a mãe precisava trabalhar. Inicialmente a criança ia passar uns dias na casa da amiga da família, mas com as visitas cada vez mais frequentes, ele passou a morar definitivamente na Esperança. “Nos feriados ele ia ficar com a gente, sempre que tinha uma festa da família ele também ia. Nunca se afastou da gente”.

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