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Julgamento do Grêmio por atos racistas aconteceu nesta quarta-feira
O placar da decisão da 3ª Comissão Disciplinar do STJD foi de 5 a 0 pela saída do time, multa de R$ 54 mil - R$ 50 mil pelas injúrias raciais, R$ 2 mil pelo rolo de papel higiênico arremessado no gramado e R$ 2 mil pelo atraso na entrada do campo - e os torcedores identificados serão proibidos de frequentar a Arena por 720 dias.
A diretoria gremista deve entrar com recurso a ser julgado pelo Pleno, em prazo estimado de 15 dias.
O Grêmio foi denunciado pela prática de ato discriminatório relacionado a preconceito em razão da raça, conforme previsto no artigo 243-G do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva). Na ocasião, aos 42 minutos do segundo tempo, já com o placar de 2 a 0 a favor do time paulista, Aranha ficou indignado e paralisou a partida para informar ao árbitro Wilton Pereira Sampaio sobre a manifestação. Imagens exclusivas da ESPN flagraram a torcedora Patrícia Moreira chamando o goleiro de "macaco".
O procurador Rafael Vanzin mostrou prova de vídeos com matérias jornalísticas sobre o caso, inclusive as imagens da ESPN. A Procuradoria do STJD pediu multa significativa e a exclusão do Grêmio da Copa do Brasil.
A defesa gremista contou com dois advogados, Gabriel Vieira e Michel Assef Filho, que tentaram a absolvição do clube ou a redução da pena. O Grêmio admitiu as ofensas racistas, mas alegou que foram apenas cinco pessoas entre 30 mil que estavam no estádio, e ainda exibiu imagens de campanhas contra o racismo promovidas pelo clube.
"Punir um clube por causa do ato de cinco torcedores é severamente pesado. O Grêmio é um dos poucos torcedores que faz campanha contra o racismo e há muito tempo. O mundo real, e não o mundo ideal desta Procuradoria, pode ter torcedores que vistam a camisa azul, preta e branca para prejudicar o clube, e estou dizendo isso hipoteticamente. Não se pode confundir a repercussão com extrema gravidade. Foram cinco pessoas no meio de 30 mil. Eu entendo que o Grêmio não podia fazer nada a mais, o Grêmio fez campanhas, colaborou com a polícia, identificou os torcedores. Uma punição neste caso seria um desestímulo a essas campanhas", discursou Michel Assef Filho.
Pouco antes, o presidente do Grêmio, Fábio Koff, também deu o seu depoimento no tribunal esportivo e destacou o impacto negativo que a exclusão da competição poderia causar: "Essa é uma noite histórica, ela não se limita somente ao fato ocorrido, ela atinge um clube com 111 anos de existência, com uma escolinha de 1.100 crianças, das quais 1/3 são de cor. O prejuízo causado ao mais elevado valor do clube, que é a imagem, é irreparável. Se a pena ocorrer, deve ter sentido pedagógico e não ultrapassar limites. O Grêmio foi precursor em não dar subsídio a torcidas organizadas".
O árbitro Wilton Pereira e o assistente Carlos Berkenbrock também foram julgados por não terem relatado inicialmente na súmula a situação, o que foi feito apenas em um adendo no documento ao chegaram ao hotel, depois de terem visto o fato em notícias na televisão. Os dois explicaram que, apesar da reclamação de Aranha durante o jogo, eles não puderam ouvir ou ver as manifestações racistas naquele momento.
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