A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) tem duas certezas com relação ao número de infectados pelo vírus HIV no Rio Grande do Norte. A primeira certeza é preocupante. Ao todo, são 3.708 pessoas que convivem com a Aids em todo o estado. A segunda, é assustadora. Esse número é subnotificado e a Sesap não faz ideia de quantas pessoas vivem, sem ter conhecimento, com o vírus responsável por 697 mortes de potiguares nos últimos dez anos. Não temos como dizer a estimativa dessa subnotificação. Leva-se um certo tempo declarar qual o percentual da população está infectada e não tem conhecimento, diz Sônia Cristina, responsável técnica do Programa DST/Aids da Sesap.
marcelo barroso - 24/11/2009O Hospital Giselda Trigueiro é uma das poucas unidades que atendem e monitoram doença no RN
De 2000 a 2010, o número de casos de Aids notificado pela Sesap aumentou mais de 50% [veja box]. Os dados fazem parte do Boletim Epidemiológico anual apresentado ontem pelo Programa Estadual de DST/Aids e Hepatites Virais da secretaria. Na década passada, foram registrados 2.723 casos da doença, a maioria, na Região Metropolitana de Natal.
Segundo o estudo, o RN ocupa a 21ª posição no ranking que classifica os estados com relação aos casos da doença. Para realizar a classificação, o Departamento Nacional de DST, Aids e Hepatites Virais leva em conta o número de habitantes de cada estado. Para Sônia Cristina, não é possível dizer se a posição do estado é boa. A epidemia está estabilizada, porém, não tem como dizer se isso é um número alto ou baixo, porque a gente acredita que ainda tem muitas pessoas que desconhecem seu estado sorológico, afirma. Muitas vezes, explica a técnica, a descoberta que um indivíduo era portador do vírus HIV ocorre após a morte dele. Na hora da declaração de óbito é que tem conhecimento que essa pessoa tinha HIV, sem nunca ter passado pelo sistema de notificação e sem fazer tratamento.
Para combater a doença, a Sesap recebe do Ministério da Saúde um repasse anual no valor de R$ 555 mil. O dinheiro é investido em ações de prevenção e assistência. Além desse valor, o Governo do Estado realiza pactuações que complementam o orçamento.
A perspectiva das autoridades na área da saúde é pessimista. O número de casos deve continuar aumentando nos próximos anos. Além disso, o número de notificações deverá ser mais fiel à realidade. A infecção do HIV é difícil de combater porque as pessoas ainda fazem sexo sem camisinha. A curva do gráfico dos casos vai crescer porque estamos interiorizando os serviços e os casos serão notificados. Na medida que vamos ampliando o teste, a tendência e aumentar os números. O bom é que isso gera um diagnóstico precoce, explica Sônia.
Até 2009, somente o Hospital Giselda Trigueiro, em Natal, e o Hospital Rafael Fernandes, em Mossoró, distribuíam medicamentos para os aidéticos e realizam serviços especializados para esses pacientes. Atualmente, Natal conta com a parceria da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e há equipes nos municípios de Macaíba, São José do Mipibu, São Gonçalo do Amarante, Parnamirim e Pau dos Ferros. Servidores da saúde em Santa Cruz e Caicó serão os próximos a receber treinamento e medicamentos destinados específicos contra o HIV.
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