quinta-feira, 5 de junho de 2014

Mesmo com a dor de perder a filha, mãe faz apelo para doação de medula


Apesar da dor da perda da filha de 8 anos - que morreu enquanto aguardava por um transplante de medula óssea - a dona de casa Hildeny Brandão reuniu forças e fez um apelo para que as pessoas sejam doadoras. "Uma vida se foi, de uma criança que poderia ter muito pela frente. Minha filha se foi, não está mais aqui, mas eu acredito que outros vão conseguir ser salvos com a atitude de vocês (doadores)", disse em entrevista à Inter TV Cabugi.

Amanda Brandão, de 8 anos, morreu na madrugada desta quinta-feira (5), em Natal, após complicações em um quadro de pneumonia. Ela era portadora de síndrome da imunodeficiência - que enfraquece o sistema imunológico e, por causa dela, sofria com constantes infecções e precisava do transplante.
Amanda Brandão, de 8 anos, morreu nesta quinta
em hospital particular (Foto: Fernanda Zauli/G1)
"A dor é grande. Pra gente não tem uma explicação. O meu sonho é que eu pudesse ter o abraço da minha filha, o sorriso dela e ouvir ela dizendo 'mamãe, eu te amo'”, disse a mãe de Amanda.

Elione Augusta, tia de Amanda, contou ao G1 que a menina pegou pneumonia 10 dias antes de ser internada para começar os exames para a realização da cirurgia. “No fim de abril ela teve uma gripe, mas quando chegou ao hospital foi constatado que estava com pneumonia”, afirmou.

Como Amanda sofria da síndrome da imunodeficiência, o quadro dela começou a piorar depois da internação. “Ela foi encaminhada para a UTI para ver se conseguia ficar boa logo, pois estava perto do dia de fazer o transplante. Infelizmente não deu tempo”, lamentou a tia.
No começo de abril, o doador compatível que havia desistido da cirurgia voltou atrás e decidiu doar a medula óssea para Amanda. A história dela foi mostrada pela Inter TV Cabugi em matéria exibida no dia 21 de março.

Não há estatísticas no Brasil sobre a desistência de possíveis doadores, mas, de acordo com o diretor do Departamento de Hemoterapia do Hemocentro, Rodrigo Villar, é mais frequente do que se imagina. “Acontece mais do que se imagina e, infelizmente, por causa da desinformação. A maior razão para a desistência ainda é o medo”, disse.
Ele explicou que o primeiro passo para quem pretende ser um doador de medula óssea é se cadastrar no Hemocentro. Quando é compatível com alguém, o possível doador tem que fazer exames para saber se está bem de saúde e apto a doar. O transplante pode ser feito de duas formas. A mais comum, segundo ele, é por meio de uma punção da medula óssea. O procedimento é realizado no centro cirúrgico, com anestesia geral. “É simples. Não podemos dizer que o risco é zero porque envolve um procedimento cirúrgico, mas é um risco mínimo. O doador terá alta em um ou dois dias e poderá ficar com um certo desconforto no local da punção, mas é uma dor que pode ser resolvida com um analgésico. A dor é irrisória perante o benefício que o doador estará fazendo para a vida de alguém”, disse o médico.
O hematologista Rodrigo Villar explica que os riscos
são mínimos para o doador

O hematologista Rodrigo Villar explica que os riscos são mínimos para o doador (Foto: Fernanda Zauli/G1) (Foto: Fernanda Zauli/G1)
O outro procedimento é realizado por uma máquina que faz a coleta de sangue periférica. O doador toma uma medicação que fará com que as células tronco migrem para a corrente sanguínea. "A máquina então coleta o sangue, centrifuga o sangue e separa o componente celular que eu preciso", explicou o médico.
“Quem tem a oportunidade de doar a medula óssea está sendo agraciado, abençoado, porque está tendo a oportunidade de restaurar, de salvar uma vida”, disse Rodrigo Villar.
Quem já é cadastrado como doador de medula óssea pode atualizar o cadastro sempre que necessário no site do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

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