domingo, 25 de agosto de 2013

Museu católico no RN é considerado o 2º mais importante do mundo

Inaugurado em 21 de abril de 2000, o museu só é aberto uma vez ao mês.
A história de homens santificados pela religião e artigos pessoais dos Papas de grande valor religioso formam o museu religioso localizado no Eremitério do Santo Lenho, no município de Macaíba. O espaço sacro é conduzido pelo padre seridoense José Mário de Medeiros, que trabalhou no Vaticano durante cinco anos ao lado do Papa João Paulo II.

Inaugurado em 21 de abril de 2000, o museu só é aberto uma vez ao mês, por falta da contribuição do poder público em apoiar a instituição de valor cultural e histórico. Na matéria especial do portal Nominuto, você vai conhecer um pouco do que existe no museu com explicações do padre José Mário, uma viagem a um lugar bem perto dos potiguares e que produz lembranças não vividas, mas imaginadas nos visitantes.

O lugar enche os olhos e o coração com imagens antigas e objetos da vida religiosa dos papas e dos seus auxiliares. O Cônego José Mário, um apaixonado pela história sacra sintetiza durante uma hora de visita tudo que aprendeu nos seus mais de 40 anos de sacerdócio mostrando aos visitantes – fiéis católicos – que a vida religiosa pode ser vivida de maneira simples.

“Nós temos aqui [no museu] objetos raríssimos como o véu que cobriu o rosto do papa João XXIII no leito mortuário após a morte dele e peças arqueológicas de mais de dois mil anos”, detalha o cônego.
Foto: Marília Rocha
Padre José Mário conta detalhes da vida religiosa dos papas e mostra artigos raros do museu.

O Museu do Eremitério fica há 17 quilômetros de Natal, na estrada de Macaíba, saindo de Natal pela BR-304, próximo a estação de Rádio Guarapes da Marinha e guarda um paz religiosa de eremitério que quer dizer, “morada de eremita, um lugar de silêncio e de paz”.

O lugar tem mais de novecentas peças antigas (sem contar com os livros) e que contam a história religiosa de Papas como João XXIII e abriga relíquias como o véu que cobriu o rosto do Papa em seu velório, tendo por isso um valor histórico se consagrando como o segundo mais importante do mundo: apenas o Museu de Soto In Monte Papa Giovani, vizinho a Bérgamo, na Itália que possui tantos artigos pessoais e originais do santo papa.

Fora da Itália, o museu sacro do Eremitério Santo Lenho é o único do mundo dedicado ao Papa João XXIII, onde conta-se quase tudo da biografia de Angelo Giuseppe ou João XXIII (papa italiano que viveu de 1881 a 1963), onde durante o seu período de pontificado recebeu apoio do padre potiguar José Mário.

O passeio pela história da religião católica mostra ainda peças como a reprodução em bronze do rosto de João XXIII considerada “perfeita” pelos apreciadores de arte por ter sido feita diretamente da face do papa após seu falecimento.
Foto: Marília Rocha
Galeria de fotos conta a história nos bastidores da vida sacerdotal no Vaticano.

“Eu podia ficar me deleitando com todas a peças, mas eu não quis isso para mim: quero dividir tudo que tenho com as pessoas, quero que elas também conheçam um pouco mais da religião católica e da história que temos aqui [no museu]. Eu lamento que o Rio Grande do Norte tenha uma riqueza dessa, desconhecida que em outras partes do mundo, muitos gostariam de ter: essa beleza toda em que cada peça tem uma historia muito grande para contar”, comenta o padre.

José Mário contou ainda detalhes da vida do “Papa da bondade” como era conhecido e seu “jeito espirituoso” em momentos do cotidiano sagrado. O padre conta que João XXIII não gostava de ser um “homem só” e quebrou várias regras da missão de ser Papa como fazer as refeições sozinho. “No primeiro dia do seu congraçamento ele pediu para que alguém ficasse com ele na mesa, explicando que não iria se alimentar sozinho”, detalha José Mário.

Naquela época também não existia o papa móvel e os homens carregavam o papa nas aparições públicas, num lugar mais alto do que o povo que era abençoado. “o primeiro mês o papa ordenou que fosse aumentado o valor do salário dos homens que o carregavam: ele era justo”, argumenta.

Mas não só o papa João XXIII tem espaço no museu: lá é possível ver peças usadas por João Paulo II como toalhas de rosto, de banho e os travesseiros quando o Papa esteve em Natal. “Essas peças são raríssimas e estão expostas no museu em um momento em que João Paulo acaba de ser beatificado”, conta.
Foto: Marília Rocha
Museu tem artigos exclusivos do papa João XXIII e é considerado o 2º mais importante do mundo. 

Para José Mário, o papa João Paulo II foi o maior homem do século passado. “O homem que ele foi, o ser humano que ele foi, a cultura que ele tinha, as línguas que ele falava, a capacidade de dialogar: ele foi feito para a mídia, para comunicar-se. Por tudo isso ele criou uma magia na juventude do mundo inteiro, independente da religião por ser um homem bom”, frisa.

O museu sacro exibe relíquias como um martelo de 32 mil anos antes de Cristo e artefatos em ouro, prata e objetos materiais de valor financeiro e religioso. “Esse martelo, por exemplo, veio de Israel, do museu de Rockefeller, conhecido como Museu Palestino Arqueológico, que guarda uma coleção de artefatos descobertos em escavações conduzidas durante o início da Palestina no final do século XIX”, detalha.

Foto: Marília Rocha
Objetos pesoais dos papas.
O santo São Francisco de Assis também tem espaço no eremitério onde o pó dos ossos do santo está guardado: a outra parte do pó dos ossos estão na cidade de Assis na Itália, um lugar de turismo religioso procurado por milhares de fiéis o ano inteiro.

Nas paredes do museu, as letras em grego e hebraico tornam o espaço cheio de cultura e de aprendizado, onde o padre José Mário mostra a proximidade da língua portuguesa com a religião católica. “Essas peças mais antigas como essa jarra do ano 102, foram encontradas em cidades antigas da Itália”, justifica.

As imagens de santos como Cosme e Damião, encontrados em terras potiguares, quando enterrados no Parque das Dunas e a cruz da fundação do convento do Sagrado Coração de Jesus, que fundou a antiga capital de Pernambuco, a cidade de Igarassú também são elementos da história do museu e do Brasil.

Ao centro do museu, uma peça chama atenção: é a réplica do Menino Jesus, feita em Portugal. O padre José Mário conta que a peça já foi alvo da cobiça e ganância dos homens resultando em tristeza para ele.

Na literatura, o Museu do Eremitério abriga ainda três edições de livros dedicados ao Vaticano, livros do cotidiano, do que acontecia internamente que não são publicados.

Para uma visita ao local é preciso ligar agendar com o administrador do local, nos telefones 9986-8053 ou 3231-2585.

Igreja
O Eremitério guarda ainda espaços dedicados a Santa Teresinha com réplicas de suas vestimentas religiosas e fios de cabelo originais da santa. Em outro espaço, também mágico aos olhos, a igreja ocupa o seu lugar: a Igreja Bento João XXIII, guarda um vitral feito a exemp0lo do vitral Gloria de Bernini, que fica na Basílica do Vaticano. “Essa foi a primeira vez que o Vaticano autorizou a reprodução do vitral no mundo”, diz orgulhoso o padre José Mário.
Foto: Marília Rocha
Igreja do Eremitério tem vitral que reproduz o original que fica no Vaticano

Os fios de ouro nas imagens da Igreja mostram a riqueza religiosa e o reconhecimento do trabalho sacerdotal do padre José Mário que comenta por várias vezes a importância da amizade conquistada em suas décadas de trabalho dedicado a religião e a fé.

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