sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Telexfree vai propor à Justiça deixar de cobrar taxa de adesão, diz sócio

Gratuidade, apresentada como prova de que empresa não é pirâmide, vigoraria por 90 dias

 
Costa: promessa de US$ 19 mil por mês
Bloqueda há 58 dias, a Telexfree vai propor à Justiça deixar de cobrar pela adesão de novos associados durante um prazo de 90 dias. Isso, argumenta um dos sócios, serviria para provar que a empresa se sustenta da venda de serviços. E não, como entende o judiciário do Acre, uma pirâmide financeira mantida de pé pelas taxas de adesão.
A proposta foi apresentada na noite desta quarta-feira (14) por Carlos Costa, sócio da Telexfree, em vídeo publicado numa rede social, dois dias depois de a empresa sofrer a 10ª derrota no processo que congelou suas atividades. Investigado criminalmente em dois Estados, Costa tentou mas não conseguiu obter um habeas corpus para evitar uma eventual prisão preventiva.
"Eles dizem que nosso negócio se mantém com a entrada de novos divugaldores [ nome dado aos associados da empresa ]. Nessa nossa proposta nós vamos pedir um prazo de 90 dias só trabalhando nessa forma e, nesse período de 90 dias, a Ympactus do Brasil [r azão social da Telexfree ] vai aceitar cadastro de novos divulgadores gratuitamente, de graça", disse Carlos Costa, condicionando o plano à aceitação pela Justiça.
'R$ 40 mil por mês'


A Telexfree informa comercializar pacotes de telefonia VoIP por meio de marketing multinível. Para entrar na rede de divulgadores, os interessados devem pagar taxas de adesão que variam de US$ 299 a US$ 1.375.
A promessa é de lucros expressivos: no vídeo divulgado nesta quarta-feira (14), Costa mostra um exemplo em que o divulgador poderia ganhar, ao montar uma rede, US$ 19 mil, "algo perto de R$ 40 mil por mês", com a venda de pacotes de telefonia VoIP que custam US$ 49,90.
De acordo com os sócios, o modelo já atraiu cerca de 1 mihão de divulgadores no Brasil e 2 milhões em todo o mundo.
O Ministério Público do Acre (MP-AC), porém, argumenta que a Telexfree é uma pirâmide financeira, pois a maior parte do dinheiro que circula no negócio viria das taxas de adesão pagas, e não da venda de pacotes VoIP. Ou seja, quando a empresa não conseguisse mais cadastrar mais interessados para a rede, o sistema ruiria.
A Justiça do Acre aceitou essa denúncia e, em 18 de junho, determinou o bloqueio das contas da empresa e dos sócios : Carlos Costa, Carlos Wanzeler, Lyvia Wanzeler e James Merryl. O último recurso – a 10ª derrota – foi negado no último dia 12 pela 2ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC) .
No vídeo desta quarta-feira (14), Costa afirma que a empresa deve recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) assim que o acórdão da decisão. O STJ já negou um recurso contra a empresa .
 
BBom, Priples, Multiclick

O caso Telexfree chamou a atenção para que o diretor do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) do Ministério da Justiça, Amaury Oliva, chamou de "febre" de empresas com indício de serem pirâmides financeiras. Ao todo, 31 estão sob investigação em todo o País.
Além da Telexfree, tiveram as atividades bloqueadas a BBom e a Priples . A BBom também nega irregularidades e o advogado da Priples não se manifestou à época do congelamento das atividades. A Multiclick , como mostrou o iG , também é alvo de inquérito e tentou impedir um eventual bloqueio na Justiça, mas teve a solicitação negada. Seu advogado também não se manifestou sobre o fato.

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