Apesar disso tudo, ele nunca pensou em desistir. “Eu queria ser pai. E desde o início eu sabia que não seria fácil, mas eu não iria desistir”.
Quando tomou conhecimento que uma mulher da comunidade de Alcaçuz iria dar o filho, ele foi lá. Encontrou um bebê subnutrido, com baixo peso por falta de alimentação e problemas respiratórios. Sem pestanejar, levou criança para casa e deu entrada na guarda provisória.
Segundo Sales, eles receberam visitas de psicólogas e assistentes sociais mais de uma vez. "Achei engraçado isso, enquanto a criança estava passando fome, com baixo peso, ninguém foi lá fazer nada, quando eu peguei e comecei a cuidar, as pessoas foram. Mas isso também não me intimidou. Eu queria fazer tudo dentro da lei para não ter problemas depois”.
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A guarda definitiva foi concedida. Hoje, o filho de Arruda Sales tem 17
anos e a educação é rígida. “Eu dou muitos conselhos a ele, oriento e,
claro, temos regras em casa. Ele é um menino tranquilo, mas está na
adolescência, aquela fase em que tem pressa de viver muitas coisas, por
isso eu sempre digo 'tudo tem seu tempo'”.Por causa do seu trabalho como drag queen, Sales conta que já enfrentou muitos 'olhares estranhos' e até de pedófilo já foi chamado. "As pessoas associam o meu trabalho à promiscuidade, à vulgaridade, e não é nada disso. O meu trabalho é uma arte, eu sou um trabalhador, uma pessoa normal. Quem me conhece sabe que eu nunca fui de patifaria", diz. O filho também já teve que explicar na escola que o pai é um artista. “Ele se posiciona, não tem problemas com isso. Se falam alguma coisa, ele diz 'meu pai é um artista'”.
A relação de amizade construída nesses 17 anos faz com que Sales tenha a certeza de que fez a coisa certa. "Eu realizei meu sonho de ser pai".
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