O Botafogo pode ser prejudicado ao aceitar o
patrocínio da Telexfree, empresa acusada de ser a maior pirâmide
financeira da História do Brasil ealvo de alerta em pelo menos mais dois
países.
Segundo a promotora Alessandra Marques, responsável
pela ação que bloqueou o negócio no Brasil, o congelamento de bens dos
sócios da Telexfree pode, em tese, atingir os recursos do contrato com o
clube, mesmo que esse valores estejam no exterior.
“Quem é réu nesse processo tem o patrimônio
bloqueado. Isso pode afetar qualquer contrato”, afirma a promotora
Alessandra, integrante do Ministério Público do Acre (MP-AC), em
entrevista ao iG. “Não adianta dizer ‘estou protegido por tal empresa’. Ele [o sócio] está afetado pela indisponibilidade [de bens].”
A pedido do MP-AC, todos os ativos da Ympactus
Comercial – razão social da Telexfree no Brasil –foram bloqueados em 18
de junho de 2013 por decisão liminar (provisória) da 2ª Vara Cível de
Rio Branco. Também foram congelados os bens de Carlos Costa e Carlos
Wanzeler, sócios-administradores da empresa.
O MP-AC, agora, tenta condenar a Ympactus, Carlos
Costa, Carlos Wanzeler e o americano James Matthew Merrill – os dois
últimos, responsáveis pelo anúncio do patrocínio ao Botafogo – a
devolver o dinheiro a quem investiu no negócio. Estima-se que 1 milhão
de pessoas tenham se associado à Telexfree no Brasil.
A ação civil pública com essas solicitações tramita na 2ª Vara Cível do Acre, mas ainda não tem data para ser julgada.
Três empresas, mesmos empresários
Durante o anúncio do patrocínio, nesta quinta-feira
(9), Wanzeler tentou dissociar a Ympactus do que chamou de “Telexfree
Internacional” e que é, segundo ele, quem firmou a pareceria com o
Botafogo
“O acordo com o Botafogo foi fechado com a Telexfree
internacional, não tem nada a ver com a Ympactus no momento”, disse,
durante a coletiva de imprensa.
O Botafogo também ressaltou, em nota em sua página na
internet, que a nova parceira tem sede em Massachusetts e foi fundada
em 2002. Essas, entretanto, são justamente as características de uma
empresa chamada Telexfree, Inc.
De acordo com dados da Divisão de Empresas de
Massachusetts, a Telexfree, Inc. tem Wanzeler como diretor e tesoureiro e
Merrill como presidente.
Em outubro, o iG mostrou que os
sócios da Ympactus preparavam uma estratégia para mandar R$ 29 milhões
das contas da empresa para a Telexfree, Inc. Essa quantia foi
apresentada por Carlos Costa, dem um vídeo divulgado na página oficial
da empresa numa rede social, como dívidas da empresa brasileira com a
americana referentes a comissões (R$ 28,9 milhões) e à utilização da
marca Telexfree (R$ 200 mil).
Wanzeler e Merrill também são administradores,
juntamente com Carlos Costa, da Telexfree, LLC, fundada em 2012 no
Estado de Nevada.
“É óbvio que isso [o contrato do Botafogo com a Telexfree]
é um negócio de risco”, diz a promotora Alessandra, do MP-AC. “O
Botafogo pode ter prejuízo à medida que o patrimônio dos sócios da
empresa está bloqueado”
Procurado, o clube informou que não iria comentar as
declarações da promotora. Durante a entrevista coletiva, o
diretor-executivo do Botafogo, Sérgio Landau se mostrou despreocupado.
” As remessas de recursos da Telexfree serão feitas
por trâmites legais. Em hipótese alguma faríamos diferente numa questão
delicada como essa.”
A Telexfree foi procurada pela reportagem e não se manifestou sobre o assunto.
Fonte: IG.
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