CIDADE DO VATICANO, 3 Jan (Reuters) - O papa Francisco disse a
padres católicos que eles devem deixar a zona de conforto e trabalharem
junto às pessoas que estão à margem da sociedade, caso contrário
correriam o risco de se tornarem "ideólogos abstratos".
O jornal
católico Civiltà Cattolica publicou nesta sexta-feira um texto exclusivo
sobre um encontro privado de três horas que o papa argentino teve em
novembro com líderes das ordens de padres do mundo inteiro.
O papa disse que os padres precisavam ter "contato real com os pobres" e marginalizados.
"Isso
é realmente muito importante para mim: a necessidade de se tornar
conhecedor da realidade pela experiência, passar tempo andando pela
periferia para realmente começar a conhecer a realidade e as
experiências de vida das pessoas", disse o papa na reunião.
"Sem isso, nós corremos o risco de nos tornarmos ideólogos abstratos ou fundamentalistas, o que não é saudável."
Desde
a sua eleição em 2013, o primeiro papa não-europeu em 1.300 anos tem
pressionado padres, freiras e bispos a pensar menos na carreira e ouvir
mais as necessidades dos católicos comuns, especialmente os pobres.
Assumindo
uma instituição atingida por escândalos de abuso sexual e financeiros,
perdendo fiéis para outras religiões, o papa Francisco tem tentado focar
nos ensinamentos básicos cristãos da compaixão, simplicidade e
humildade.
A conversa com os líderes da União dos Superiores
Gerais é importante porque eles vão transmitir os desejos do papa
diretamente para os padres nas ordens religiosas ao redor do mundo.
O
Civiltà Cattolica é o mesmo periódico que publicou uma importante
entrevista com o papa Francisco em setembro, na qual ele disse que a
Igreja deveria se livrar da obsessão com ensinamentos sobre aborto,
contracepção e homossexualismo e se tornar mais misericordiosa.
Francisco,
que era conhecido como o "bispo das favelas" na Argentina por conta do
seu trabalho entre os pobres, afirmou que estar junto com aqueles à
margem da sociedade era "a forma mais concreta de imitar Jesus".
Um
comitê de oito cardeais ao redor do mundo que ele nomeou para
aconselhá-lo sobre reformas na administração central do Vaticano, a
Cúria, deve submeter as suas recomendações ao papa em fevereiro.
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