Os moradores de Lagoa de Velhos, na região Agreste do Rio Grande do Norte,
se viram como podem para sacar dinheiro e pagar as despesas do dia a
dia. Sem agência bancária no município, os 2.700 habitantes precisam
muitas vezes viajar pelo menos 14 quilômetros para pagar as contas.
No comércio, pagamento só à vista. No caso das contas como água e luz, a única opção é um correspondente bancário na cidade, mas apenas para o pagamento antes do vencimento da fatura, ou viagens para os municípios vizinhos. Em alguns casos, o problema só pode ser resolvido em Natal, que fica a 95 quilômetros de distância.
O problema da falta de estabelecimentos financeiros não é exclusivo de Lagoa de Velhos. No Rio Grande do Norte, 35 municípios não têm nenhum tipo de dependência bancária, segundo dados do Banco Central. Em todo o Brasil, são 233 municípios, sendo que as regiões que mais sofrem com o problema são o Nordeste - 9,1% das cidades - e o Norte (7,6%). Já as cidades que não têm agências, mas podem ter outros serviços, como lotéricas e caixas eletrônicos, chegam a 1,9 mil em todo o país.
Para pagar o funcionalismo público, o prefeito de Lagoa de Velhos, Igor Araújo, usa o convênio do município com o Banco do Brasil. No entanto, a dificuldade dos cerca de 300 servidores da prefeitura, dos quais 80% são moradores da cidade, é para sacar os salários. “É tudo depositado na conta dos funcionários, mas o saque muitas vezes tem que ser feito em municípios vizinhos”, diz.
Araújo acrescenta que, apesar do município contar com uma agência dos Correios (no local, funciona o Banco Postal, parceria entre o Banco do Brasil e Correios), os limites de saque e depósito obrigam a população a se deslocar.
De acordo com o prefeito, não há previsão da instalação de agências bancárias em Lagoa de Velhos. “O Banco do Brasil nos informa que não há necessidade de implantação devido à disponibilidade do banco postal, os Correios”, revela.
Igor Araújo ressalta ainda que a situação ficou ainda mais difícil depois que a única agência lotérica do município foi fechada. “Para os que precisam resolver pendências na Caixa Econômica Federal, é ainda mais complicado”, informa.
Com o fechamento, a dona de casa Rose Meire Bento Félix depende da ida de outras pessoas a cidades vizinhas para retirar os R$ 60 do benefício do Bolsa Família. Quando ninguém faz a viagem de graça, ela paga a gasolina de uma amiga até o município Sítio Novo, que fica a 14 km de Lagoa de Velhos.
Correspondente bancário é opção
É em um pequeno comércio de Lagoa de Velhos que funciona o serviço de correspondente bancário do Bradesco. Proprietária do estabelecimento, Teresa Jesus e Silva, de 60 anos, recebe todo o tipo de conta que não esteja atrasada.
“Atrasado, só recebemos boletos do Bradesco. De outros bancos, é preciso procurar as agências”, esclarece. A comerciante ressalta que o filho e a nora fazem pelo menos três viagens por semana para fazer pagamentos de outras instituições.
Além do correspondente bancário, muitos recorrem a moradores que trabalham em cidades vizinhas para pagar as contas. É o que acontece com Inácio José Alves de Lira, representante de empresas de telefonia e TV por assinatura de Lagoa de Velhos e funcionário público no município de Bento Fernandes. "Já cheguei a ganhar R$ 100 por mês pagando as contas de outras pessoas. Para os mais humildes, não aceito, faço de favor", relata.
Para vender os pacotes de telefonia e TV por assinatura, Inácio tem à disposição um aplicativo de uma empresa de pagamentos eletrônicos ao qual é conveniado. "É tudo feito no tablet", diz.
No estabelecimento de José Erivan da Fonseca, assim como nos demais comércios da cidade, pagamento só em dinheiro. Para facilitar a vida dos clientes, o comerciante mantém uma lista de fichas com nomes e compras feitas em cima do balcão. "Tenho um fichário. Anoto os nomes e recebo o pagamento no fim do mês. Como é uma cidade pequena, dá para fazer sem problema. É normal", explica.
Erivan, a exemplo de outros habitantes de Lagoa de Velhos, se queixa da falta de opções. "Nos Correios, só dá para fazer pagamentos de até R$ 300. Toda semana preciso ir a São Paulo do Potengi para deixar tudo em dia", afirma o comerciante. Já para abastecer o estabelecimento, a facilidade é maior. "Os distribuidores das empresas vêm até Lagoa de Velhos e fazemos as compras aqui mesmo."
No comércio, pagamento só à vista. No caso das contas como água e luz, a única opção é um correspondente bancário na cidade, mas apenas para o pagamento antes do vencimento da fatura, ou viagens para os municípios vizinhos. Em alguns casos, o problema só pode ser resolvido em Natal, que fica a 95 quilômetros de distância.
O problema da falta de estabelecimentos financeiros não é exclusivo de Lagoa de Velhos. No Rio Grande do Norte, 35 municípios não têm nenhum tipo de dependência bancária, segundo dados do Banco Central. Em todo o Brasil, são 233 municípios, sendo que as regiões que mais sofrem com o problema são o Nordeste - 9,1% das cidades - e o Norte (7,6%). Já as cidades que não têm agências, mas podem ter outros serviços, como lotéricas e caixas eletrônicos, chegam a 1,9 mil em todo o país.
Para pagar o funcionalismo público, o prefeito de Lagoa de Velhos, Igor Araújo, usa o convênio do município com o Banco do Brasil. No entanto, a dificuldade dos cerca de 300 servidores da prefeitura, dos quais 80% são moradores da cidade, é para sacar os salários. “É tudo depositado na conta dos funcionários, mas o saque muitas vezes tem que ser feito em municípios vizinhos”, diz.
Araújo acrescenta que, apesar do município contar com uma agência dos Correios (no local, funciona o Banco Postal, parceria entre o Banco do Brasil e Correios), os limites de saque e depósito obrigam a população a se deslocar.
De acordo com o prefeito, não há previsão da instalação de agências bancárias em Lagoa de Velhos. “O Banco do Brasil nos informa que não há necessidade de implantação devido à disponibilidade do banco postal, os Correios”, revela.
Igor Araújo ressalta ainda que a situação ficou ainda mais difícil depois que a única agência lotérica do município foi fechada. “Para os que precisam resolver pendências na Caixa Econômica Federal, é ainda mais complicado”, informa.
Edione fechou lotérica de Lagoa de Velhos após
assalto de R$ 40 mil (Foto: Fred Carvalho/G1)
A agência lotérica era administrada pela comerciante Edione Martiniano
Lima Sousa e seu marido. O local foi fechado após um assalto. “Meu
marido foi a São Paulo do Potengi,
pegou o dinheiro e, quando voltava para abastecer, foi roubado. Levaram
R$ 40 mil”, conta. Aberta em novembro de 2012, a lotérica fechou as
portas em julho do ano passado, restringindo ainda mais as opções de
serviços bancários na cidade.assalto de R$ 40 mil (Foto: Fred Carvalho/G1)
Com o fechamento, a dona de casa Rose Meire Bento Félix depende da ida de outras pessoas a cidades vizinhas para retirar os R$ 60 do benefício do Bolsa Família. Quando ninguém faz a viagem de graça, ela paga a gasolina de uma amiga até o município Sítio Novo, que fica a 14 km de Lagoa de Velhos.
saiba mais
“Mando o cartão e minha identidade para retirar o benefício”, afirma
Rose. O acesso, segundo ela, acontece por uma estrada de terra. Já as
contas são pagas pelo marido caminhoneiro em São Paulo do Potengi, a 22
quilômetros.Correspondente bancário é opção
É em um pequeno comércio de Lagoa de Velhos que funciona o serviço de correspondente bancário do Bradesco. Proprietária do estabelecimento, Teresa Jesus e Silva, de 60 anos, recebe todo o tipo de conta que não esteja atrasada.
“Atrasado, só recebemos boletos do Bradesco. De outros bancos, é preciso procurar as agências”, esclarece. A comerciante ressalta que o filho e a nora fazem pelo menos três viagens por semana para fazer pagamentos de outras instituições.
Comércio de dona Terezinha recebe contas dos moradores de Lagoa de Velhos (Foto: Fred Carvalho/G1)
Uma das moradoras que usa o serviço de correspondente bancário é
Severina Ortins Dias. Ela paga contas de água e luz, além da fatura dos
cartões de crédito. “Água e luz, até posso atrasar, mas os cartões não.
Quando acontece, preciso resolver em São Paulo do Potengi ou em Natal”,
comenta Severina, que trabalha com aluguel de som em Lagoa de Velhos.Além do correspondente bancário, muitos recorrem a moradores que trabalham em cidades vizinhas para pagar as contas. É o que acontece com Inácio José Alves de Lira, representante de empresas de telefonia e TV por assinatura de Lagoa de Velhos e funcionário público no município de Bento Fernandes. "Já cheguei a ganhar R$ 100 por mês pagando as contas de outras pessoas. Para os mais humildes, não aceito, faço de favor", relata.
Para vender os pacotes de telefonia e TV por assinatura, Inácio tem à disposição um aplicativo de uma empresa de pagamentos eletrônicos ao qual é conveniado. "É tudo feito no tablet", diz.
José Erivan controla pagamentos em comércio
com fichas (Foto: Fred Carvalho/G1)
Comércioscom fichas (Foto: Fred Carvalho/G1)
No estabelecimento de José Erivan da Fonseca, assim como nos demais comércios da cidade, pagamento só em dinheiro. Para facilitar a vida dos clientes, o comerciante mantém uma lista de fichas com nomes e compras feitas em cima do balcão. "Tenho um fichário. Anoto os nomes e recebo o pagamento no fim do mês. Como é uma cidade pequena, dá para fazer sem problema. É normal", explica.
Erivan, a exemplo de outros habitantes de Lagoa de Velhos, se queixa da falta de opções. "Nos Correios, só dá para fazer pagamentos de até R$ 300. Toda semana preciso ir a São Paulo do Potengi para deixar tudo em dia", afirma o comerciante. Já para abastecer o estabelecimento, a facilidade é maior. "Os distribuidores das empresas vêm até Lagoa de Velhos e fazemos as compras aqui mesmo."
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