sexta-feira, junho 27, 2014
RONIÉRICK
A
mãe de um bebê recém-nascido está usando as redes sociais para pedir
uma cirurgia para o filho, que aguarda há 11 dias pelo procedimento na
rede pública de saúde do Rio Grande do Norte. O bebê nasceu com os
órgãos expostos. Segundo Andreza Raclene, que tem 18 anos, o filho dela
foi diagnosticado com meningomielocele sacral - uma má formação
congênita que se caracteriza por um fechamento incompleto do tubo
neural, tecido que dá origem a coluna vertebral; além de onfalocele,
outro tipo de má formação que atinge a parede abdominal e deixa os
órgãos internos expostos. Os dois problemas causaram ainda uma
hidrocefalia - acúmulo de líquido na cavidade craniana. "Por causa da
abertura no corpo e posição dos órgãos, ainda não foi possível saber o
sexo do bebê", disse a mãe.
A Secretaria Estadual de Saúde informou aoG1, por meio de sua assessoria de imprensa, que já tomou conhecimento do caso e que a cirurgia será feita assim que possível.
Andreza conta
que a criança deveria ter feito a cirurgia logo após o parto, no dia 15
deste mês, mas desde então o procedimento ainda não foi realizado. Ela
contou que a criança foi diagnosticada com o problema ainda durante o
pré-natal. "Fiz um ultra-som em Mossoró e lá foi diagnosticado esse
problema. O médico me encaminhou para a maternidade Januário Cicco, em
Natal, onde todo mês eu passava por uma consulta para acompanhar a
gestação", explicou. Andreza é dona de casa e mora na cidade de Grossos,
na região Oeste do estado.
Já em Natal,
Andreza foi informada pela equipe médica de que teria que realizar uma
cesariana e que logo após o parto a criança passaria por uma cirurgia
para corrigir as más formações. "Minha cesariana estava marcada para o
dia 25 deste mês, mas tive um sangramento 10 dias antes e o parto
precisou ser antecipado. A cirurgia estava prevista para o dia 25, assim
que a criança nascesse, pois é um caso de alto risco. Contudo, já fazem
11 dias que meu filho nasceu e o procedimento ainda não foi realizado",
lamentou.
A criança ficou
10 dias internada na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI) da
Maternidade Escola Januário Cicco. Ele tem uma abertura na parte de
baixo da coluna que está aberta desde então. "Só ontem (quarta-feira,
dia 25) consegui a transferência dele para o Varela Santiago (hospital
especializado em atendimento pediátrico). Apesar dos problemas ele
estava bem, mas ontem teve uma piora e agora respira com a ajuda de
aparelhos", disse. Andreza falou ainda que o médico sequer conseguiu
descobrir o sexo da criança por causa da má formação. "Não deu para ver
no ultra-som se é menino ou menina. Além disso, os órgãos estão
dispostos de uma forma que não dá para saber se a criança tem um útero
ou não", explicou.
Andreza está em
Natal, na casa de parentes, enquanto aguarda uma solução. "Estou com
minha mãe na casa de um tio meu. O médico que recebeu meu filho disse
que um cirurgião-pediatra ainda terá que fazer uma avaliação para
definir quais cirurgias serão necessárias. Minha preocupação é grande
porque ele piorou nos últimos dias", contou ela.
De acordo com a
mãe da criança, o sentimento é de preocupação. "Infelizmente não posso
fazer nada. Tenho tentado ficar tranquila e confiar em Deus", disse.
'Médica disse que o bebê iria nascer e morrer'
De acordo
com a auxiliar de serviços gerais Adriely França, irmã de Andreza, a
médica de plantão que atendeu a gestante disse que "a criança iria
nascer e morrer".
"Chegamos no
hospital no dia 14, porque os médicos que fizeram o pré-natal dela aqui
em Natal disseram que, caso acontecesse qualquer coisa, ela deveria
correr para cá. A médica que atendeu minha irmã virou para nós e disse
que 'não sabia o que a gente estava fazendo no hospital, porque a
criança iria nascer e morrer'. Depois disso, colocou a Andreza em uma
cadeira no corredor. Nossa sorte foram as enfermeiras, que viram que o
caso era de urgência e colocaram ela em um quarto para fazer o parto",
disse a irmã.
Ainda segundo
Adriely, o médico que atendeu Andreza pela manhã questionou o fato de o
parto não ter sido realizado. "Demos sorte com o médico que atendeu ela
pela manhã, pois nos tratou muito bem. Ele agilizou para que o parto
fosse feito e reiterou que a cirurgia da criança deveria ser realizada
logo em seguida", disse ela.
Ao chegarem no
Hospital Infantil Varela Santiago, não havia nenhum requerimento de
cirurgia enviado pela Maternidade Januário Cicco. "A maternidade não
solicitou a cirurgia. O médico do hospital que nos atendeu disse que o
bebê deveria ser operado logo, mas não havia requerimento", explicou
afirmou Adriely.
A irmã disse
também que o cirurgião já examinou a criança e agora a família aguarda
pelo procedimento. "O médico agora vai definir qual procedimento será
feito primeiro, pois o bebê deverá passar por mais de uma cirurgia.
Minha irmã decidiu lutar pela vida do filho e temos esperanças de que
ele vai viver", falou Adriely.
G1 RN
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