segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Mãe acorrenta filha para salvá-la das drogas

Uma corrente e dois cadeados prendem a perna esquerda da menina à cadeira de metal. O corpo franzino quase não tem forças para arrastar o objeto pela sala. O atrito das correntes com o piso produz um som perturbador. Há três meses, Vanessa (nome fictício), 16 anos, é mantida acorrentada dentro da própria casa. A chave dos cadeados estão com a mãe. Foi ela quem decidiu acorrentar a filha. Uma atitude extrema e desesperada com o objetivo de tentar salvar a filha de uma outra prisão: as drogas.
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Usuária de maconha e crack há mais de quatro anos, a menina foge de casa e age com violência sempre que está livre. Acorrentada, Vanessa é mantida sob a vigilância da mãe, avô e irmãos. A história dramática é mais um exemplo do potencial de devastação das drogas e revela o lado da sociedade onde as políticas públicas de combate ao uso de entorpecentes não chegam.
“Minha filha começou a se drogar quando tinha 12 anos. No início era só maconha e não tinha tanto problema, mas, de uns tempos para cá, percebi que ela começou a usar outras drogas e ficou mais agitada e agressiva. Não era assim no início, mas ela passou a me xingar, brigar e quebrar as coisas. Eu não sabia mais o que fazer. O jeito foi acorrentar”, conta a dona de casa que prefere não expor a identidade.
A mãe perdeu as contas da quantidade de vezes que a filha fugiu de casa para se drogar. A família mora num dos bairros de maior vulnerabilidade social da zona Oeste da capital. Encontrar quem ofereça uma pedra de crack não é difícil. Trancar portas e janelas para evitar a fuga já não adiantava.
“Ela destelhava o teto e saía por cima. Pulava para casa vizinha e ia embora. Só voltava se a gente fosse atrás”, lembra a dona de casa e mãe de mais dois filhos – um jovem de 15 anos e uma menina de 12. “Quando tentava conversar, ela me esculhambava. Fazia coisa que eu nunca imaginava que seria possível”, completa.

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