quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Racionamento de água 'não é culpa de São Pedro', diz ONU 147

Falta de chuvas afeta abastecimento de água em São Paulo126 fotos

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9.set.2014 - Um fino córrego se forma no leito da represa Jaguari-Jacareí, na cidade de Joanópolis, no interior de São Paulo. O volume de água do Sistema Cantareira registrou exatos 10% de sua capacidade, considerando-se o volume morto e a reserva técnica - água localizada no nível mais fundo do reservatório Leia mais Luis Moura/Estadão Conteúdo
O racionamento de água em São Paulo não é culpa de São Pedro, mas, sim, das autoridades, da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e da falta de investimentos. Quem faz o alerta é a relatora da Organização das Nações Unidas (ONU) para o direito à água, a portuguesa Catarina Albuquerque, que apresentou nesta terça-feira, 9, diante da entidade, um informe em que acusa o governo brasileiro de não estar cumprindo seu dever de garantir o acesso à água à totalidade da população.

Crise no abastecimento
Para a relatora da ONU, não faz sentido a Sabesp ter suas ações comercializadas na Bolsa de Nova York e na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), enquanto a cidade convive com problemas. "Antes de repartir lucros, a empresa precisa investir para garantir que todos tenham acesso à água", declarou.
"O número de pessoas vivendo sem acesso à água e saneamento às sombras de uma sociedade que se desenvolve rapidamente ainda é enorme", declarou a relatora em seu discurso na ONU, nesta tarde em Genebra.
Segundo seu informe, um abastecimento de água regular e de qualidade ainda é uma realidade distante para 77 milhões de brasileiros, uma população equivalente a todos os habitantes da Alemanha.
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Estiagem revela carros, construções antigas e lixo acumulado em SP18 fotos

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21.ago.2014 - Escavadeira tenta retirar lixo do rio Tietê. Menos de um mês depois de finalizar uma operação que retirou mais de 18 toneladas de lixo de áreas do leito seco do rio Tietê, o município de Salto (a 101 km da capital paulista) começa a ver as áreas serem novamente tomadas por entulho. A maioria do material é de pedaços de madeira. Segundo o secretário de Meio Ambiente do município, João De Conti Neto, a sujeira está voltando pela correnteza João De Conti Neto/Acervo Pessoal
A ONU ainda aponta que 60% da população - 114 milhões de pessoas - "não tem uma solução sanitária apropriada". Os dados ainda revelam que 8 milhões de brasileiros ainda precisam fazer suas necessidades ao ar livre todos os dias.
O Estadão revelou em junho de 2013 que a representante das Nações Unidas teve sua primeira inspeção para realizar o levantamento vetada pelo governo. A visita estava programada para ocorrer em julho do ano passado. "O governo apenas explicou que, por motivos imprevistos, a missão não poderia mais ocorrer", declarou à época Catarina de Albuquerque.
Internamente, a ONU considerou que o veto tinha uma relação direta com os protestos que, em 2013, marcaram as cidades brasileiras. A viagem só aconteceria em dezembro de 2013, o que impediria que o informe produzido fosse apresentado aos demais governos da ONU e à sociedade civil antes da Copa do Mundo.
Agora, o raio X reflete uma crise que vive o País no que se refere ao acesso a água e saneamento. "Milhões de pessoas continuam vivendo em ambientes insalubres, sem acesso à água e ao saneamento", indicou o informe, apontando que o maior problema estaria nas favelas e nas zonas rurais.
 do território nacional.

Sem racionamento

Em nota, a Sabesp informou que "não há racionamento ou restrição de consumo em nenhuma das 354 cidades atendidas pela empresa", e que foram feitos investimentos de "R$ 9,3 bilhões entre os anos de 1995 e 2013, em medidas para aumentar a segurança do abastecimento de água na região".
A companhia também afirmou ter investido na redução de perdas, "que caíram oito pontos percentuais nos últimos dez anos (um dos menores índices do país) e também no programa de água de reúso, responsável pela produção de mais de mil litros por segundo".
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