sexta-feira, 3 de outubro de 2014

"Pensava que iria morrer", diz homem espancado em Nova Parnamirim

Anderson Barbosa Do G1 RN
Suspeito de assalto foi amarrado em meio ao canteiro central da Avenida Abel Cabral, no bairro de Nova Parnamirim (Foto: Anderson Barbosa/G1)
O entregador Jepherson Alcaniz Maia, de 28 anos, foi vítima de espancamento na manhã desta sexta-feira (3), na avenida Abel Cabral, em Nova Parnamirim. Confundido com um assaltante, o entregador foi agredido e amarrado por populares até a chegada da Polícia Militar, que o levou algemado até o hospital Deoclécio Marques. Após atendimento, Jepherson explicou o caso, disse que foi roubado durante o espancamento e que pensou que morreria.
Emanuel AmaralJepherson Alcaniz foi confundido com um assaltante e quase foi linchado por popularesJepherson Alcaniz foi confundido com um assaltante e quase foi linchado por populares

Frequentador da Igreja Católica e participante de encontros religiosos, Jepherson estava em um posto de combustíveis durante a madrugada, acompanhado por uma amiga. Os dois estavam bebendo e, até a manhã, não houve qualquer problema, quando Jepherson, que guiava uma moto, deixou a amiga em casa e seguiu pela avenida Abel Cabral, já com o dia claro. Foi quando ocorreu o episódio que resultou no espancamento.

Admitindo que estava alcoolizado, Jepherson disse que viu a mulher na parada de ônibus quando voltava para casa. Ele disse que falou algo a mulher, mas que não lembrava exatamente quais as palavras que tinha usado. Ele acredita que tenha sugerido que a mulher era garota de programa, propondo um encontro. Foi quando a mulher reagiu.
Emanuel AmaralEntregador será submetido a exames neurológicosEntregador será submetido a exames neurológicos

Segundo Jepherson, a mulher o agarrou pelo pescoço e aplicou uma espécie de "mata-leão", um estrangulamento. Ele caiu junto à mulher e à motocicleta, que queimou a perna do entregador. Quando populares viram o episódio, iniciaram o espancamento. Neste momento, Jepherson diz que perdeu a consciência.

Momentos após o início das agressões, Jepherson disse que recobrou a consciência, mas que não conseguia falar que não era assaltante. Enquanto jogavam areia e chutavam seu rosto e tórax, ele disse que não conseguia reagir, pois já estava amarrado e sem forças para explicar o que tinha acontecido. "Era muita gente agredindo. Eu pensava realmente que iria morrer", disse Jepherson.
Emanuel AmaralNa queda, Jepherson teve perna queimada pelo cano da motocicletaNa queda, Jepherson teve perna queimada pelo cano da motocicleta

Após a chegada da polícia, Jepherson foi levado até o hospital Deoclécio Marques algemado. Somente lá, ele conseguiu contar sua versão, enquanto era medicado. Um homem que se identificou como pai de Jepherson Alcaniz disse que vai cobrar apuração sobre o caso. "Não vamos deixar isso impune. É um absurdo", disse.

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Jepherson Alcaniz será transferido no início da tarde de hoje para o hospital Walfredo Gurgel, onde será submetido a uma bateria de exames, inclusive neurológicos, para se ter um diagnóstico sobre a gravidade das lesões.

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