As vésperas de se completar cem anos da morte do padre João Maria de Brito Guerra, que é considerado o “santo de Natal”, a Igreja Católica reabre o processo de sua beatificação, que foi iniciado em 22 de fevereiro de 2002, mas se encontrava parado na Arquidiocese Metropolitana. A retomada do processo de beatificação do padre João Maria, nascido em 23 de junho de 1948 e falecido aos 57 anos, em 16 de outubro de 1905, foi uma decisão do arcebispo dom Jaime Vieira Rocha, que fará o anúncio solene na próxima sexta-feira (3/10), por ocasião das comemorações pela passagem do dia dos Protomártires de Cunhaú (Canguaretama) e Uruaçu, no momento erguido à margem esquerda do rio Potengi, em São Gonçalo do Amarante.
Alex RegisSebastiana Ferreira, 76, atribui graças a padre João Maria
Vice-postulador da causa da beatificação do padre João Maria, o monsenhor Lucas Batista explica que o ciclo para a beatificação do padre João Maria é demorado, depende inclusive da comprovação de pelo menos três milagres. O processo começou há 12 anos, mas esteve paralisado porque o padre Francisco de Assis Pereira, já falecido, estava envolvido com o processo de beatificação dos mártires de Cunhaú e Uruaçu, mortos pelos invasores holandeses no fim da primeira metade do século XVII.
Segundo o monsenhor, depois de aberto o processo, “ainda se passaram três anos, depois de feito o pedido, para que o Vaticano autorizasse o início do processo”, o que ocorreu em 16 de maio de 2005. A autorização é conhecida como “NIHIL OBSTAT” (nada consta, em latim).
Monsenhor reconhece que a própria Igreja Católica passou muitos anos sem promover beatificações, pois o regime processual “era muito rígido e duro”, como também se cobrava porque o Brasil, como maior país católico do mundo e da América Latina não tivesse um santo: “O papa João Paulo II incentivou e acelerou muitos processos, é tanto que o papa João Paulo II beatificou e santificou mais de mil religiosos, o próprio João Paulo II foi santificado depois de cinco anos de sua morte”.
Ele conta um episódio, de quando era pároco na antiga Catedral foi visitar o folclorista e historiador Câmara Cascudo, que era seu paroquiano: “Ele me disse que padre João Maria já era santo na boca do povo, não tinha mais o que discutir, mas a Igreja tem de declarar isso oficialmente”.
Segundo Lucas Batista, hoje já não é tanto como antes, mas ele confirmou que a Praça Padre João Maria, na rua João Pessoa, centro, ainda é um ponto importante de peregrinação e demonstração de fé dos católicos e de devoção no “santo de Natal”, por isso, após a proclamação solene do processo de abertura da beatificação no dia 3 de outubro, “vamos trabalhar para celebrar uma uma missa uma vez por mês la, porque é um local que o povo está constantemente rezando e acendendo velas”.
Pessoas como a dona de casa Sebastiana Ferreira Guedes, 76 anos, passam constantemente pela praça onde tem um busto do padre João Maria, atrás da antiga Catedral: “Eu moro na zona Norte, mas sempre que venho na Catedral ou na Igreja de Santo Antonio, não deixo de passar por aqui, porque o padre João Maria era uma alma boa e caridosa”.
Dona Sebastiana Guedes conta que ela mesmo alcançou graças e benefícios de Deus, por intermédio do padre João Maria; “Eu tive uma ferida quando era pequena, perdi seis meses de colégio, ainda hoje tenho a marca aqui, foi um calo que apareceu, aquilo foi se agravando, passei três meses sem poder andar, ai fiz a promessa que se ficasse boa do pé, ia trazer um pé de cera, com o passar do tempo, não fiz, fiz de gesso, porque não se via mais cera”. Ela disse, ainda, que fez uma promessa para um rapaz, hoje um médico de 33 anos, por causa de um acidente de carro que ele sofreu: “Pegou 12 pontos no pé e ficou bom”.
Para ela, a beatificação do padre João Maria é muito importante para a Igreja Católica do Rio Grande do Norte, “porque vai ser um santo da nossa terra, que a gente conhece, pelo menos eu tenho conseguido graças pela intersecção dele”.
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