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Uma história simples, mas de muita luta vitoriosa, é o tema do livro “Agenor Ribeiro – um político nato”, que conta a vida de um autodidata misturada à convivência com o “majó Theodorico Bezerra”, líder político da região do Trairi, no interior do Rio Grande do Norte, que em meados dos anos 70 mereceu até um Globo Repórter, como o último coronel do sertão.
“A obra conta a história de uma pessoa que nasceu no meio do mato, em Macaíba, perdeu os pais ainda pequeno, não tinha estudo e nem formação nenhuma, ai migrou para as terras do “majó”, na Fazenda Uirapuru, onde conseguiu morada e passou a trabalhar como peão na construção do açude Trairi”, conta o escritor e historiador Francisco de Assis da Silva, 53 anos, um ex-vigilante de empresas de segurança privada, que fez o nível médio, passou em concurso da guarda municipal de Natal e hoje está concluído licenciatura em História numa faculdade particular da capital.
Francisco Silva conta que passou a conhecer Agenor Francisco Ribeiro depois viajar algumas vezes para visitar os sogros em São José de Campestre, ocasião em que a mulher explicou quem era aquela pessoa, “que foi muita coisa na vida em Campestre, sem nunca ter estudado, como é que pode uma pessoa que nunca estudou ter sido inspetor de escola primária, secretário de Educação e contador do município”.
Silva disse que a esposa falou pra ele: “Numa dessas viagens, vi um monte de fotografias, minha esposa disse, Agenor foi uma pessoa muito importante aqui, ai ela começou a contar a história dele, despertou minha curiosidade, vou escrever um livro, porque já havia escrito um no ano passado em cordel, sobre a história de Santo Antonio, onde nasci”.
Segundo Silva, o Agenor Ribeiro “aprendeu a ler ouvindo e lendo cordel com os cantadores de viola”. Depois que chegou na Fazenda Uirapuru, em Tangará, descobriram que ele, quebrando pedra, sabia ler e escrever e foi se apontador na construção do açude Trairi – “Ai, começou a progredir até ser gerente da Fazenda de Theodorico Bezerra”.
Depois de tantos anos com o “majó” na Uirapuru, Silva conta que o personagem do livro, em 1966, elegeu-se vereador em Tangará, depois que o município foi desmembrado de Santa Cruz.
“A mando de Theodorico foi para São José de Campestre, que também tinha se emancipado politicamente de Santa Cruz, chegou a ser vereador três vezes, vice-prefeito e aposentou-se como contador da prefeitura”.
Silva disse que despertou a sua atenção, além do fato da vivência dele com o “majó”, o fato de ele ter sido contador da prefeitura de Campestre sem ter formação acadêmica. “Naquela época tinha esse detalhes, uma pessoa que sabia fazer um determinado ofício, não se exigia diploma de nível superior, nem existia concurso público e ele foi nomeado”.
Já a ligação de Agenor Ribeiro com o “majó” Theodorico Bezerra chamou a atenção dele, devido a figura controversa do falecido politico do PSD, que foi deputado estadual, federal. “Com o ‘majó”, ele aprendeu a forma de conciliar na política, por isso o livro se chama um “politico nato”, lá em São José de Campestre todo mundo vai consultar politicamente com Agenor, quando querem formar uma chapa, sair candidato, vão falar com ele”.
O ex-vigilante Silva afirmou que a uma frustração de Agenor Ribeiro foi não ter sido prefeito de Campestre. “Uma vez foram chamar Theodorico e perguntaram quem era o seu candidato, o ‘majó” respondeu que era aquele que colocasse Agenor como vice-prefeito”, disse.
Mas, segundo Silva, a estratégia do ‘majó” era colocar Agenor pra prefeito em 1982, “mas o prefeito eleito passou a perna nele e colocou a mulher, Agenor se sentiu traído, mas não guarda mágoas, a única coisa que não conseguiu ser em Campestre foi prefeito, teve a chance, mas exerceu tanto cargo público”.