A miséria voltou a subir no Brasil em
2013, segundo dados apurados pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea). O instituto mostra que, entre 2012 e 2013, houve um
aumento de 3,68% no número de indivíduos considerados abaixo da linha da
pobreza, ou indigentes — passaram de 10.081.225 em 2012 para
10.452.383 no ano passado (veja gráfico), ou seja, mais de 371.000 pessoas entraram para o grupo de miseráveis no período. Este foi o primeiro aumento desde 2003, quando o indicador passou a cair ano a ano.
A linha de extrema pobreza levada em
conta pelo Ipea é uma estimativa do valor de uma cesta de alimentos com o
mínimo de calorias necessárias para suprir adequadamente uma pessoa,
com base em recomendações da FAO – órgão da ONU para a agricultura e
alimentação – e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os números, que constam do banco de
dados Ipeadata, foram apurados pelo Ipea com base nos microdados da
Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (Pnad), divulgada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em outubro. A
análise social da Pnad é feita anualmente pelo Ipea. Contudo, neste ano,
o Instituto optou por adiar a divulgação do levantamento alegando seu
impacto no cenário eleitoral. Coincidentemente, em 2010, quando a
análise mostrava melhora nos indicadores sociais, o Instituto fez a
divulgação entre o 1º e o 2º turno. Os dados sobre o aumento da
miséria foram publicados no Ipeadata no dia 30 de outubro.
A forma como o Ipea vem conduzindo a
divulgação de dados foi alvo de críticas no mês passado, depois que um
de seus diretores, Hérton Araújo, pediu exoneração por não concordar com
o adiamento da divulgação da análise social da Pnad para depois das
eleições. Araújo trouxe o assunto à reunião da diretoria colegiada do
Ipea, realizada no dia 9 de outubro, mas não conseguiu convencer os
demais membros. Segundo nota do Ipea “o Sr. Araújo procurou convencer os
demais membros do colegiado a rever a decisão, restando vencido”.
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