Eram 8h30 da manhã quando uma
guarnição da 18ª CPIM (Periperi) chegou à Rua da Ressurreição, em Alto
de Coutos, para atender a um chamado de moradores referente a uma
manifestação promovida por um grupo de mais de mil homens em frente à
paróquia da localidade.
Ao entrar na rua, a equipe de policiais
foi surpreendida. A suposta manifestação era, na verdade, uma fila de
homens, de mais de 300 metros de extensão, todos em busca de uma
oportunidade de atendimento grátis no segundo dia da Ação de Saúde do
Homem, promovida pela Fundação José Silveira, com apoio da Rede Bahia.
Inspirada no Novembro Azul, a campanha
realiza exames preventivos do câncer de próstata, como os exames de
toque, glicemia, e ultrassom. Entre os pacientes, estavam o aposentado
Manoel de Jesus, 55 anos, que veio do Cabula e chegou às 5h; o servidor
público José Martins de Lima, 76, veio de Vila de Abrantes, em Camaçari,
e chegou às 6h; já o também aposentado Manuel Souza Ferreira viajou
desde Simões Filho e chegou às 7h30. Mas, por volta das 10h, os três
estavam no mesmo trecho da fila, a cerca de 200 metros dos portões que
os separavam da almejada consulta.
“É muito difícil conseguir esse
atendimento nos postos de saúde. Mesmo estando cheio, eu só saio daqui
depois que for atendido”, afirmou Manoel de Jesus. Já José Martins
depois de tentar, sem sucesso, três consultas em postos, viu na ação uma
oportunidade de realizar o exame.
“Quase desisti quando vi a fila, mas
quando lembrei que já fui até Camaçari em busca de atendimento e não
consegui, resolvi aguardar”, afirmou. Manuel Souza, por outro lado,
disse que já imaginava a fila. “É algo que está acontecendo em todo
lugar. A gente procura uma consulta de urologia e não tem vaga”,
explicou. A coordenadora do Programa Saúde e Cidadania, Edna Ramos, não
mostrou surpresa em relação à demanda.
“A cobertura de urologia pela rede
pública é precária, os profissionais não dão conta da demanda”,
explicou. Segundo o coordenador da Campanha Novembro Azul na Bahia,
Wagner Coêlho Porto, em todo o estado existem apenas 200 profissionais
que, na maioria das vezes, preferem a iniciativa privada ao serviço
público.
Em Salvador, o serviço público de
urologia é prestado nos hospitais das Clínicas, Aristides Maltez, Irmã
Dulce e Santa Izabel. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou que
também oferta atendimentos em urologia em clínicas particulares
contratadas pela rede e dos multicentros Vale das Pedrinhas e Amaralina.
Para ter acesso ao serviço, o cidadão deve passar por uma avaliação clínica em uma das 117 unidades básicas da capital.
Correio 24 horas Bahia
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