Suspeito foi morto na Av. Felizardo Moura, no Bairro
Nordeste (Foto: Flávio Muniz/Inter TV Cabugi)
Um homem suspeito de ter roubado um aparelho celular foi espancado até a
morte na noite deste sábado (26) no Bairro Nordeste, na zona Oeste de Natal.
Segundo a Polícia Militar, ele foi vítima de 'justiceiros' na rua
Felizardo Moura por volta das 20h. O corpo foi levado para o Instituto
Técnico-Científico de Polícia (Itep) e permanece sem identificação.Nordeste (Foto: Flávio Muniz/Inter TV Cabugi)
Nem a PM nem a Polícia Civil sabem dizer se este é o primeiro caso no Rio Grande do Norte em que a chamada 'justiça com as próprias mãos' termina em morte. 'Em nosso relatório consta apenas que ele teria assaltado alguém. Então foi pego por populares, espancado e morto”, confirmou o comandante geral da PM, coronel Francisco Araújo Silva.
A Polícia Civil também trata o caso como sendo a vítima morta por espancamento após cometer um assalto. O homicídio foi registrado na Delegacia de Plantão da zona Sul da cidade. O crime será investigado pela 7ª Delegacia de Polícia Civil.
Ao G1, o comandante lembrou que é crime fazer justiça com as próprias mãos. "Quem foi flagrado numa situação dessa será preso. Qualquer pessoa do povo pode deter um criminoso e tem o dever de chamar a polícia. Mas, jamais, deve punir ou querer fazer justiça com as próprias mãos", afirmou.
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Casos recentesA Polícia Militar do Rio Grande do Norte tem registros recentes de casos de justiceiros. Nos dias 8 e 9 deste mês, dois homens foram presos após tentativas de assalto na zona Leste de Natal. Segundo a PM, em ambos os casos os suspeitos foram rendidos pela população e foram agredidos antes da chegada dos policiais.
O primeiro aconteceu no bairro da Ribeira. Um homem esperava pelo ônibus na Rodoviária Velha quando um pedinte o abordou querendo dinheiro. Após receber a negativa, o suspeito mostrou uma tesoura e anunciou o assalto. O suspeito tentou levar o celular da vítima, que reagiu. Após trocarem socos, a população ajudou a render o pedinte. O homem foi amarrado até a chegada dos policiais e depois encaminhado para a Delegacia de Plantão da zona Norte de Natal.
O segundo caso aconteceu no bairro do Alecrim. A PM informou que o suspeito entrou em uma loja de carros e tentava roubar aparelhos de som quando foi surpreendido por um funcionário. O homem ainda tentou agredir o funcionário, mas foi detido por vigias. Ao tentar fugir, o suspeito foi agredido com socos e chutes.
Mulheres levam tapas e chutes
No dia 26 de março, duas mulheres foram detidas e agredidas no meio da rua, em plena luz do dia, em um dos redutos comerciais de maior movimento da cidade de Parnamirim, na Grande Natal. As imagens foram gravadas pelo estudante Esdras Araújo, de 18 anos.
Segundo o estudante, as mulheres foram detidas por seguranças de uma loja após terem roubado o celular de uma adolescente. No vídeo, é possível ver as suspeitas sentadas no chão, cercadas por várias pessoas. Elas são xingadas e agredidas fisicamente com tapas e chutes.
O G1 entrou em contato com o 1º e 2º distritos da Polícia Civil de Parnamirim, mas não houve registros de queixa do roubo ou das agressões sofridas pelas suspeitas.
No dia 19 de março, um homem suspeito de ter assaltado mulheres teve as mãos amarradas e foi espancado por moradores de Capim Macio, bairro que fica nas proximidades do viaduto de Ponta Negra, na zona Sul de Natal. Mesmo imobilizado, ele continuou apanhando até a chegada da polícia (veja vídeo ao lado).
Testemunhas disseram que o homem assaltou duas mulheres e na fuga foi pego por comerciantes. O suspeito estava com um revólver e vários celulares. Ainda de acordo com relatos, demorou cerca de 30 minutos para que o carro da PM chegasse ao local e levasse o suspeito à delegacia.
No dia 11 de março, um pedreiro foi confundido com um assaltante e foi amarrado e espancado por moradores de São José de Mipibu, na Grande Natal. "Bateram na pessoa errada", confirma o major Wellington Camilo da Silva, comandante interino do 3º Batalhão da PM.
O major contou que o ladrão, que havia arrombado uma casa, usava uma camisa da mesma cor e marca que o pedreiro. "A população não aguenta mais a impunidade. Isso é muito perigoso. Desta vez pegaram a pessoa errada. Ele teve muita sorte. Os vigias de rua impediram algo pior", acrescentou.
Muito machucado, o pedreiro foi levado para o hospital e orientado a registrar um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil, o que não aconteceu.
No dia 10 de março, 'justiceiros' agrediram a socos, chutes, tapas e golpes de capacete três adolescentes suspeitos de terem participado do roubo de um carro no Tirol, um dos bairros mais nobres de Natal. Toda a ação foi registrada por um morador de um prédio que pediu para não ser identificado (veja o vídeo ao lado). Os menores foram levados à delegacia, mas segundo a Polícia Militar, tiveram de ser liberados porque não havia provas do crime. Sem queixa, os agressores não foram presos.
O vídeo foi gravado em um telefone celular. Do alto de um prédio, as imagens mostram quando os menores foram abordados na esquina da avenida Prudente de Morais com a rua Ceará-Mirim, que fica a duas quadras do Quartel Geral da Polícia Militar. Os três aparecem encostados na parede de uma casa com as pernas abertas e mãos para o alto. Os menores levam tapas, socos e chutes. Um deles é agredido na cabela com um capacete. O vídeo também mostra a chegada de um carro da polícia, mas logo em seguida a gravação é interrompida.
No dia 5 de março, a vítima da ira da população foi Marcelo Felipe de Assis, de 30 anos. Ele foi espancado por moradores do conjunto Pajuçara, na zona Norte da capital, ao ser pego saindo de uma casa com objetos furtados. "Servirá como lição para que eu possa refletir sobre minha vida no crime", disse em depoimento.
Marcelo admitiu que é condenado por furto, que respondia pelo crime no regime aberto, mas que deixou de se apresentar à unidade prisional em que cumpria pena com medo de inimigos.
Disse também que é usuário de drogas há seis anos e que roubava para manter o vício. Ele foi autuado da Delegacia de Plantão da zona Sul de Natal e reconduzido à prisão.
10 minutos de violência
No dia 19 de fevereiro, moradores do conjunto Parque dos Coqueiros, na zona Norte da capital, espancaram um homem suspeito de ter roubado R$ 30 do caixa de uma padaria. De acordo com populares, ele tentou escapar quando foi surpreendido por duas vítimas que estavam no estabelecimento. Depois disso, o homem foi amarrado e várias pessoas o agrediram por mais de 10 minutos. O espancamento foi filmado e as imagens colocadas na internet. No fim da gravação, o jovem desmaia. O autor da filmagem liberou a publicação sob a condição de não ser identificado. A polícia afirmou que não vai investigar as agressões porque não houve denúncia.
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