A sonda espacial europeia Rosetta
finalmente chegou ao cometa que ela perseguia há 10 anos. Pela primeira
vez na história exploração espacial, a nave foi manobrada ao lado de um
corpo celeste em alta velocidade a fim de começar a mapear sua
superfície em detalhes.
A sonda disparou seus propulsores
durante seis minutos e meio para finalmente recuperar o atraso que
restava com o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. O feito foi conseguido
após exatos 10 anos, cinco meses e quatro dias de viagem, totalizando
6.400 milhões quilômetros percorridos. Nesse período, a Rosetta deu
cinco voltas ao redor do Sol.
No caminho para o encontro com o cometa,
a sonda passou ainda por três vezes pela própria Terra e uma vez por
Marte, usando a gravidade dos planetas para ganhar velocidade e ajustar
sua trajetória com a do Churyumov-Gerasimenko, cuja órbita de 6,5 anos
pelo Sistema Solar o leva de pouco além de Júpiter a entre Marte e a
Terra.
A sonda utilizará uma série de 11
instrumentos para explorar o corpo celeste. Dentre eles está o batizado
Philae, que deverá caminhar pela superfície do cometa em novembro de
2014. Com outros dez instrumentos agrupados em um pequeno caixote com
massa de cerca de 100 quilos, o Philae lançará uma espécie de arpão para
se ancorar na superfície do cometa e assim evitar que escape de sua
fraca gravidade.
Juntas, Rosetta e Philae fornecerão aos
cientistas a chave para decifrar os mistérios da formação do Sistema
Solar, há mais de 4,6 bilhões de anos, e talvez até da origem da vida na
Terra. Isso porque cometas como o Churyumov-Gerasimenko são verdadeiros
fósseis deste processo. Aglomerados de gelo, poeira, gases e rochas,
eles preservam informações sobre a composição e características da
imensa nuvem de material que deu origem ao Sol e aos planetas e também
pode ter sido a fonte de boa parte de água e moléculas orgânicas que
aqui se acumularam bilhões de anos atrás, criando as condições para o
surgimento dos primeiros organismos vivos.
Prevista para durar até dezembro de
2015, a missão Rosetta-Philae tem um custo total estimado em 1 bilhão de
euros (cerca de R$ 3 bilhões). Os nomes das duas sondas são referências
diretas a como ficou conhecida a famosa pedra que permitiu aos
historiadores decifrar os hieroglifos do Egito Antigo e à ilha do Rio
Nilo onde ela foi encontrada, em 1799.
O Globo
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