sexta-feira, 30 de maio de 2014

Pesquisadores do RN contrapõem teorias mais aceitas sobre o descobrimento do Brasil

O descobrimento do Brasil, que para muitos aconteceu em 22 de abril de 1500, ainda é alvo de muitas polêmicas e contradições históricas. Cada vez mais tem sido trazida à tona, por intelectuais e pesquisadores, que discordam da chegada casual do português Pedro Álvares Cabral e seu séquito às terras brasileiras, hoje representadas pela cidade baiana de Porto Seguro.

O renomado pesquisador potiguar Câmara Cascudo, defendeu, a partir de seus estudos e pesquisas, que a descoberta do Brasil aconteceu no Rio Grande do Norte, e isso se comprovaria pelo Marco de Touros, monumento histórico que seria anterior à chegada de portugueses ao país, e que seria o mais antigo objeto de presença europeia em continente americano.

O pesquisador Lenine Pinto, autor do livro "Reinvenção do Descobrimento", um dos mais importantes registros documentais desta nova teoria, defende que os portugueses já haviam passado pelo Brasil antes de 1500, e umas das principais evidências é uma carta do rei D. Afonso V datada de 1470 que proíbe os comerciantes portugueses que negociavam na Guiné de explorar o pau-brasil, árvore genuinamente tupiniquim.

Outro fator que ele detaca é o de que o famoso Monte Pascal, visto pela esquadra de Cabral, era na verdade o Pico do Cabugi, em Angicos (RN), visto do litoral potiguar. A pesquisa de Lenine trabalha tal tese baseando-se em rotas de navegação, correntes marítimas e posição dos ventos.

Por outro lado, o pesquisador Geraldo Maia afirma que tal tese ainda não possui embasamento documental, e que precisa ser melhor avaliada, antes de ser propagada. Ele afirma que o Marco de Touros é um grande símbolo da colonização europeia na região, mas nada pode comprovar que ele foi colocado antes da chegada oficial dos portugueses ao país.

"O primeiro desembarque dos colonizadores portugueses deu-se em 1501, quando a expedição de Gaspar de Lemos chantou um marco colonial na Praia de Morros. Esta pedra, mais conhecida como Marco de Touros, é considerada o monumento mais antigo do Brasil", comenta o historiador, cético às novas teorias.

O Marco de Touros, e sua data de fundação, que estão imersos nesta interessante polêmica histórica e podem ajudar os brasileiros a compreender melhor sua origem e história, preocupam pesquisadores e historiadores pelo abandono e esquecimento em que se encontram. "Tal marco deveria ser celebrado e protegido pelo poder público, hoje se encontra inacessível, totalmente esquecido e abandonado" comenta com tristeza o historiador Geraldo Maia.

 

Marco de Touros 

Geraldo Maia aproveita o tema para ressaltar uma curiosa informação à respeito do Marco de Touros. Segundo ele, há alguns anos, a população da cidade começou a destruir o monumento, a partir de relatos religiosos, que datavam milagres curativos relacionados ao Marco.

"Nos idos dos anos 1980, o Instituto Histórico Geográfico do Rio Grande do Norte tomou providências para retirar o Marco da cidade de Touros. A população religiosa da cidade estava retirando pedaços do monumento, que por ser português, tem um grande desenho da cruz de malta, acreditando que poderiam fazer chás milagrosos com as pedras. O monumento foi levado para Natal, e hoje está exposto no Forte dos Reis Magos, o que gerou muita polêmica", comentou o historiador.

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