O descobrimento do Brasil,
que para muitos aconteceu em 22 de abril de 1500, ainda é alvo de muitas
polêmicas e contradições históricas. Cada vez mais tem sido trazida à
tona, por intelectuais e pesquisadores, que discordam da chegada casual
do português Pedro Álvares Cabral e seu séquito às terras brasileiras,
hoje representadas pela cidade baiana de Porto Seguro.
O renomado pesquisador potiguar Câmara
Cascudo, defendeu, a partir de seus estudos e pesquisas, que a
descoberta do Brasil aconteceu no Rio Grande do Norte, e isso se
comprovaria pelo Marco de Touros, monumento histórico que seria anterior
à chegada de portugueses ao país, e que seria o mais antigo objeto de
presença europeia em continente americano.
O pesquisador Lenine Pinto, autor do
livro "Reinvenção do Descobrimento", um dos mais importantes registros
documentais desta nova teoria, defende que os portugueses já haviam
passado pelo Brasil antes de 1500, e umas das principais evidências é
uma carta do rei D. Afonso V datada de 1470 que proíbe os comerciantes
portugueses que negociavam na Guiné de explorar o pau-brasil, árvore
genuinamente tupiniquim.
Outro fator que ele detaca é o de que o
famoso Monte Pascal, visto pela esquadra de Cabral, era na verdade o
Pico do Cabugi, em Angicos (RN), visto do litoral potiguar. A pesquisa
de Lenine trabalha tal tese baseando-se em rotas de navegação, correntes
marítimas e posição dos ventos.
Por outro lado, o pesquisador Geraldo
Maia afirma que tal tese ainda não possui embasamento documental, e que
precisa ser melhor avaliada, antes de ser propagada. Ele afirma que o
Marco de Touros é um grande símbolo da colonização europeia na região,
mas nada pode comprovar que ele foi colocado antes da chegada oficial
dos portugueses ao país.
"O primeiro desembarque dos
colonizadores portugueses deu-se em 1501, quando a expedição de Gaspar
de Lemos chantou um marco colonial na Praia de Morros. Esta pedra, mais
conhecida como Marco de Touros, é considerada o monumento mais antigo do
Brasil", comenta o historiador, cético às novas teorias.
O Marco de Touros, e sua data de
fundação, que estão imersos nesta interessante polêmica histórica e
podem ajudar os brasileiros a compreender melhor sua origem e história,
preocupam pesquisadores e historiadores pelo abandono e esquecimento em
que se encontram. "Tal marco deveria ser celebrado e protegido pelo
poder público, hoje se encontra inacessível, totalmente esquecido e
abandonado" comenta com tristeza o historiador Geraldo Maia.
Marco de Touros
Geraldo Maia aproveita o tema para
ressaltar uma curiosa informação à respeito do Marco de Touros. Segundo
ele, há alguns anos, a população da cidade começou a destruir o
monumento, a partir de relatos religiosos, que datavam milagres
curativos relacionados ao Marco.
"Nos idos dos anos 1980, o Instituto
Histórico Geográfico do Rio Grande do Norte tomou providências para
retirar o Marco da cidade de Touros. A população religiosa da cidade
estava retirando pedaços do monumento, que por ser português, tem um
grande desenho da cruz de malta, acreditando que poderiam fazer chás
milagrosos com as pedras. O monumento foi levado para Natal, e hoje está
exposto no Forte dos Reis Magos, o que gerou muita polêmica", comentou o
historiador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário